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Câmara do Porto não vai permitir "mais nenhuma frente de obra" do metro

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O presidente da Câmara do Porto garantiu, esta segunda-feira à noite, durante a Assembleia Municipal, que o município não irá permitir "mais nenhuma frente de obra" do metro, defendendo que a cidade "está caótica" devido às obras da linha Rosa e 'metrobus'.

"Estou extremamente preocupado com o incumprimento sucessivo dos prazos que nos são dados sem explicação aparente", confessou Rui Moreira, dando como exemplo o que se passa, atualmente, na Avenida Marechal Gomes da Costa e as obras em curso para o 'metrobus'. Esta via deveria estar reduzida para apenas uma faixa de trânsito de cada lado durante um mês - entre o dia 15 de agosto e o dia 15 de setembro -, mas continua assim até aos dias de hoje.

"Aquilo que me dizem é que o 'metrobus' já está com quatro meses de atraso, o que vai coincidir com a chegada dos veículos … deve ser um mero milagre", revelou, durante a discussão sobre a alteração aos estatutos da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), apresentada pelo Executivo, durante a Assembleia Municipal.

Por isso, garantiu o presidente da Câmara, "naquilo que estiver ao nosso alcance, não permitimos mais nenhuma frente de obra até acabarem as que têm. A cidade está caótica porque os cronogramas que nos foram apresentados não estão a ser cumpridos".

Rui Moreira assegurou não querer saber do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que financia a obra do 'metrobus', das linhas Rosa e Rubi, defendendo que "a cidade não pode morrer pelo cumprimento do PRR". "Acabam a linha Rosa, o 'metrobus' e quando fizerem isso, o meu sucessor passará a licença para a linha Rubi", referiu, adiantando ter já revelado essa intenção ao presidente da Metro do Porto e ao secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado.

"A situação é absolutamente catastrófica"

Na opinião do presidente da Câmara, a cidade não tem capacidade para aguentar mais frentes de obra e não pode ser "um campo para se fazer experimentalismos". "Se quiserem, acabam primeiro a linha rosa, fazem o 'metrobus'. Se não houver PRR? Não há PRR. Se não houver ponte? Não há ponte. O que não podemos é ter linhas e não ter pessoas", adiantou.

"Neste momento, a situação é absolutamente catastrófica", acrescentou.

Rui Moreira deixou um apelo a todos os deputados municipais: "Não sei o que pensam, mas é um apelo de coração. Não é uma questão de politiquice. Temos uma palavra a dizer sobre o que se passa na nossa cidade e, neste caso, a meu ver, temos de não autorizar quaisquer que sejam as consequências", frisou.

Em resposta, José Maria Montenegro, do movimento "Rui Moreira: Aqui Há Porto", afirmou que "a situação na Boavista é sinistra". "Lembro-me que o presidente da Metro (Tiago Braga) veio aqui [à Assembleia Municipal] garantir que a empresa prioriza as frentes de obra", frisou, acrescentando: "Temos de ser exigentes perante a Metro e os calendários que nos apresentam".

Em novembro de 2022, o Executivo e os representantes dos partidos com assento na Assembleia Municipal tinham manifestado preocupação com o impacto das obras que a Metro do Porto estava, já então, a levar a cabo na cidade. Nessa reunião, o presidente do conselho de administração da empresa transportadora colocou setembro de 2023 como limite para o arranque dos trabalhos da Linha Rubi e que vai implicar a construção de uma nova ponte sobre o rio Douro.

Alteração aos estatutos da STCP aprovada

Na opinião de Nuno Borges, do PSD, "enquanto as novas linhas do metro estão em construção é necessário um reforço de composição das linhas atuais, bem como uma frente de obra mais organizada e que crie menos confusão no trânsito, já de si difícil". "O metro deve preocupar-se em cumprir o calendário de execução das novas linhas", vincou.

Para Rui Sá, da CDU, "podemos estar de acordo com uma posição de força relativamente aos desmandos da Metro", mas "temos de ter a preocupação de tentarmos ser coerentes, deixarmos de lado as questões que não são ideológicas e que prejudicam a cidade".

O deputado do PAN, Paulo Vieira de Castro, defendeu a agilização de medidas, "necessárias e que impliquem um maior respeito pelos transportes públicos no Porto, assim como as vias que lhe são dedicadas".

Jerónimo Fernandes, do Chega, manifestou também o seu apoio ao repto lançado pelo presidente da Câmara. "Estamos ao lado do Executivo em não permitir mais abertura de obras", disse.

Entretanto, a deliberação sobre a alteração aos estatutos da STCP foi aprovada por maioria, com os votos contra da CDU e a abstenção do Bloco de Esquerda.