Cultura

Câmara do Porto e Ministério da Cultura assumem obras de reabilitação do Coliseu no valor de 3,5 milhões de euros

  • Isabel Moreira da Silva

  • Notícia

    Notícia

A Câmara do Porto e o Governo, através do Ministério da Cultura, vão assumir, em partes iguais, o custo das obras de reabilitação do Coliseu Porto Ageas, orçadas em cerca de 3,5 milhões de euros, valor que já inclui as despesas com pessoal durante o período em que a sala de espetáculos encerrar. Rui Moreira explicou que foi possível avançar para esta solução, suspendendo o modelo de concessão, após reavaliação das necessidades de intervenção. A empreitada, que só avançará em 2022, garante “conforto e segurança”, mas prescinde do “luxo”.

“No cenário anterior, aquilo que nos era apresentado como montante para fazer as obras era excessivo e injustificado”, afirmou o presidente da Câmara do Porto na conferência de imprensa realizada esta tarde no Coliseu do Porto, no mesmo dia em que as salas de espetáculo reabrem portas.

Ao lado da ministra da Cultura, Graça Fonseca, Rui Moreira considerou que a “direção atual foi suficientemente ágil para perceber quais as condições de conforto e segurança necessárias” à reabilitação do equipamento cultural, tendo sido bem-sucedida ao reduzir “ao essencial” uma empreitada inicialmente orçada em 8,5 milhões de euros.

Depois de dois conselhos municipais a discutir o tema, fecha-se, de vez, a porta ao modelo de concessão anunciado em janeiro de 2020, para avançar, de forma mais realista, para obras que, “sem ser de luxo”, garantirão a continuidade da emblemática sala da cidade do Porto.

Nestas condições, continuou o autarca, o Município e o Governo chegaram a acordo em assumir o investimento “em partes iguais”, recordando que a Área Metropolitana do Porto (AMP), o terceiro parceiro institucional, não entra na equação porque os seus estatutos impedem-na de concretizar investimentos diretos.

Em cima desta solução já está a ser trabalhado o enquadramento legal, que garantirá “a manutenção da integridade da Associação dos Amigos do Coliseu”, assegurou Rui Moreira.

A ministra da Cultura enquadrou esta mudança de rumo com o "impacto da pandemia”, que alterou significativamente a estratégia pré-definida, e reforçou que, no atual quadro, os investimentos públicos no património cultural são uma “prioridade”.

A decisão foi maturada após “estreito diálogo com a Câmara do Porto” e o envolvimento da Ageas. Aliás, na mesma conferência de imprensa, o grupo Ageas Portugal anunciou a renovação da parceria com o Coliseu por mais três anos, até 2023. “Ter o Coliseu Porto Ageas como parceiro, durante estes três anos é motivo de orgulho pelo simbolismo e pela diversidade, mas também pela evolução e visão futura que se pretende para este espaço. Estamos fortemente empenhados em contribuir para que o Coliseu continue a ser uma referência na cultura nacional”, sublinhou Nelson Machado, CEO Vida e Pensões do Grupo Ageas Portugal, assinalando que, durante “este tempo difícil para a cultura", o grupo “não podia reduzir um euro que fosse ou voltar atrás no patrocínio”.

Rui Moreira adiantou ainda que esta solução – que se pretende a derradeira – será, tal como a anterior, debatida no Conselho Municipal da Cultura, e quis também classificar este investimento da Câmara do Porto no rol de “medidas anticíclicas” com potencial de alavancar a retoma de um setor que ficou ainda mais fragilizado pela crise.

“Não se trata de virar ‘o bico ao prego’, apenas sim de reconhecer que não eram precisos montantes estapafúrdios”, observou o presidente da Câmara do Porto.

As obras, informou a presidente da direção do Coliseu, Mónica Guerreiro, deverão demorar cerca de oito meses, período durante o qual o espaço estará fechado; as intervenções vão incidir, essencialmente, na fachada, cobertura e torre. Porém, ficou desde já assente pela responsável, que as obras não arrancam este ano, até porque ainda são necessários estudos técnicos e projetos de execução. Quanto à estimativa do tempo da obra, Mónica Guerreiro informou que a mesma foi avançada pelo LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia Civil.

Graça Fonseca admitiu ainda a possibilidade de obter financiamento comunitário para este projeto.

Programação para 2021 com novidades em ano de celebração do 80.º aniversário

Na mesma conferência de imprensa foi também levantado o véu sobre a programação do Coliseu até ao final do ano, após três meses de interregno da atividade presencial, ditado pelo segundo confinamento.

Um dos destaques é o regresso dos icónicos Concertos Promenade. A versão “Concertos Promenade 2.0” tem como objetivo de chegar a mais famílias, jovens e escolas, para rapidamente fazer subir a média da assistência, sendo que desde que a iniciativa foi lançada, em 2005, já atraiu mais de 130 mil espetadores (até à última temporada de 2013/2014). Com o regresso do maestro Cesário Costa à direção artística, o novo ciclo vai incluir um repertório consagrado de concertos e espetáculos de dança comentados, que pretendem envolver a participação do público na explicação de aspetos e pormenores das obras apresentadas.

A aposta na produção própria mais do que triplica face a 2020, com maior oferta de espetáculos para todos os públicos. Entre elas, a encomenda de duas novas produções de ópera. A primeira, “Cavalleria Rusticana”, de Pietro Mascagni, tem estreia marcada para 9 de junho.

O Circo, com forte tradição no Coliseu do Porto, vai antecipar-se ao Natal, e em modo “saltimbanco”, apelidou Pedro Sobrado, presidente do conselho de administração do Teatro Nacional São João, parceiro do programa “De Volta à Praça”. De julho a setembro, a iniciativa apresenta-se em nove cidades da Região Norte.

Além do 80.º aniversário marcado para dezembro, o Coliseu Porto Ageas aposta, nesta temporada, em novos diálogos com grandes festivais do Porto. Além do DDD - Festival Dias Da Dança, somam-se projetos como o Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI) / O Meu Primeiro FITEI, o Festival Internacional de Marionetas do Porto (FIMP), o Family Film Project e o Porto/Post/Doc.