Ambiente

Câmara do Porto associa-se a projeto europeu para melhorar a saúde das árvores urbanas

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Filipa Brito

A Câmara do Porto associou-se ao projeto europeu UrbanMycoServe para desenvolver estratégias e ferramentas inovadoras utilizando cogumelos silvestres, de forma a beneficiar o estado de saúde das árvores urbanas, nutrindo-as e protegendo-as dos efeitos adversos do ambiente citadino.

Pode estar nos fungos ectomicorrízicos, o termo técnico para cogumelos silvestres, a chave para algumas das soluções que o projeto europeu pretende implementar, com o objetivo de melhorar a saúde e a longevidade do arvoredo urbano.

No Porto, única cidade portuguesa participante do UrbanMycoServe, o trabalho de investigação da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa aponta nesse caminho, evidenciando a atuação benéfica destes elementos naturais. Segundo a representante nacional do estudo, que nesta primeira abordagem incidiu a pesquisa sobre as comunidades ectomicorrízicas associadas à tília prateada (tilia tomentosa), verificou-se que as árvores em caldeira apresentavam maior diversidade de microrganismos, e que a ação nativa destes seres microscópicos auxilia a árvore a mitigar os efeitos de stress provocados pelo sistema de plantio mais comum no meio urbano (em que o espaço para a colocação dos exemplares é, naturalmente, mais reduzido).

Usando tecnologias avançadas de análise das propriedades foliares e a partir de sensores biométricos instalados em árvores de diversos locais da cidade do Porto, a equipa de investigadores comprovou igualmente – in loco, de forma limpa, económica e não invasiva – o maior stress a que as árvores plantadas em caldeira estão expostas.

Nesse sentido, no âmbito do projeto, foi desenvolvida uma técnica de inoculação que permitiu a introdução de fungos benéficos nas árvores urbanas.

Em dois anos consecutivos, através dos dados de crescimento recolhidos pelos sensores instalados nas mesmas, verificou-se que a inoculação produziu uma promoção do seu crescimento, especialmente em plantas que estavam mais debilitadas, tornando-as tão vigorosas como as árvores em bom estado de saúde.

Com base nos resultados obtidos pelo projeto europeu UrbanMycoServe podem agora ser desenvolvidas novas estratégias, que incluem a aplicação de cogumelos silvestres (fungos ectomicorrízicos) para a manutenção de infraestruturas verdes. Não fica também posta de parte a possibilidade de essas novas estratégias serem extrapoláveis para a gestão de outras espécies de árvores urbanas, podendo ainda contribuir para a redefinição do design atual do sistema de caldeira, de forma a minimizar os efeitos de stress a que aquelas estão expostas.

Participaram nesta primeira fase do projeto, financiado pelo programa ERA-NET BiodivERsA, apenas três cidades europeias: além do Porto, Lovaina (Bélgica) e Estrasburgo (França). Tratando-se de um trabalho de investigação multidisciplinar, envolveu os respetivos municípios e várias outras entidades.

A nível nacional, o Município do Porto colaborou ativamente, desde a primeira hora, com a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa. O projeto contou ainda com o apoio do Centro Regional de Excelência em Educação para o Desenvolvimento Sustentável da Área Metropolitana do Porto (CRE, Porto), da Forestis e Mycotrend, formando um ecossistema de competências complementares, que veio solidificar a representatividade da pesquisa.

Recorde-se que a Câmara do Porto tem em curso uma estratégia para a expansão dos espaços verdes, que inclui a aplicação de soluções com base na natureza (NBS - Nature Based Solutions), como a cobertura verde de 4,6 hectares do futuro Terminal Intermodal de Campanhã. Estas soluções multifacetadas concorrem não só para melhorar a qualidade de vida da população, mas também para apresentar uma cidade cada vez mais sustentável e resiliente às alterações climáticas.