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Cães ajudam idosos a sair do isolamento e a regressar à vida ativa

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Filipa Brito

Há várias razões para considerar o cão o melhor amigo do Homem. No Porto há agora mais uma. A Associação Portuguesa para a Intervenção com Animais de Ajuda Social (Ânimas) está a desenvolver um projeto para motivar os idosos a regressarem à vida ativa com o auxílio de cães. A participação no programa é gratuita e quem quiser receber formação como terapeuta também se pode inscrever.

O Projeto Envolver é especialmente dirigido à população idosa, a mais afetada pela necessidade de isolamento causada pela pandemia da Covid-19, tendo sido a maior parte referenciada pelos serviços sociais e está, neste momento, a ser desenvolvido na freguesia de Paranhos.

“Com o confinamento [os idosos] perderam os grupos de amigos, as universidades seniores, os grupos corais, a própria igreja, que deixou de ter as celebrações, entre outras atividades, e o que pensámos foi em criar algo que os motivasse a saírem da 'cabana' deles”, afirma Abílio Leite, presidente da Ânimas, à Agência Lusa.

“O cão acalma a pessoa, reduz o nível de stress, reduz a tensão arterial, facilita a libertação de hormonas, como a oxitocina, o que faz com que as pessoas fiquem mais bem-dispostas”, acredita o responsável da Ânimas, que, desde 2002, desenvolve projetos que potenciam a interação dos animais com os humanos, numa lógica de ajuda social.

A primeira fase do Projeto Envolver prevê organizar e fomentar atividades que coloquem os idosos na presença de cães. Abílio Leite explica que o objetivo é “criar um ambiente em que as pessoas se tornem empáticas umas com as outras, fruto de o cão estar presente”.

Com o desenvolvimento das relações interpessoais, o passo seguinte é começar a sobrepor outras atividades no mesmo horário em que se realizam os encontros com os cães. O que se pretende é que as pessoas comecem a escolher entre ficar na companhia dos animais, ou sair com o grupo, “começando a libertar-se das sessões com os animais para dar espaço ao convívio”, explica o presidente da associação.

Ao longo do processo, os idosos são acompanhados por psicólogos, que garantem o apoio e a segurança, e não há discriminação quanto às raças de cães envolvidas. “O que verificamos ao longo de todas as duplas que já fizemos é que 30% das duplas são compostas por Labrador e Golden Retrievers, também muito próximo dos 30% temos rafeiros, depois, surgem muitas outras raças já em menor número”, conta Abílio Leite.

Sendo totalmente gratuito para os idosos, quem quiser participar como terapeuta pode inscrever-se na formação da Ânimas.