Desporto

Cabelos molhados, pele salgada e a diversão sobre uma prancha: uma manhã a fazer surf com a Missão Férias@Porto

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O sol brilha no céu azul, a temperatura é aprazível – não está demasiado frio nem demasiado calor – e corre uma brisa amena. Os pés enterram-se na areia e o som da rebentação do mar confunde-se com o tagarelar entusiasmado das crianças, que brincam enquanto se equipam, seguindo as instruções dos monitores. É mais uma manhã da Missão Férias@Porto, e na Praia Internacional está prestes a decorrer uma aula de surf.

O aquecimento e entrada na água das crianças tiveram, na manhã desta terça-feira, um grupo de espectadores especial: confundindo-se com os veraneantes, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, acompanhado por demais elementos da equipa de vereação, marcaram presença no areal para testemunhar as primeiras ondas surfadas, o delicado equilíbrio sobre a prancha e a diversão dos surfistas de palmo e meio.

“Toda a gente sabe que eu gosto muito do mar e das atividades marítimas. Todos os anos vou ver uma das atividades [da Missão Férias@Porto] e resolvi vir aqui para perceber como as coisas estão a ser organizadas”, explica Rui Moreira, sublinhando a relevância da iniciativa: “É muito importante para as crianças e para os pais. Sabemos que, quando chega a altura do verão, temos de trabalhar e deixar as crianças ocupadas. Temos de ter atividades, e a atividade desportiva é a melhor. Faz bem à saúde, faz bem à mente, ocupa os tempos, desenvolve outro tipo de experiências. A experiência de estar no mar é fantástica para os miúdos.”

Para o presidente da Câmara do Porto, a oferta de atividades da Missão Férias@Porto é um fator de inclusão. “Uma cidade que se pretende inclusiva tem de ter isso mesmo, tem de ter a capacidade de ocupar as crianças, porque muitos dos pais destas crianças trabalham. Se elas não viessem para aqui, o que é que elas faziam? Estavam em casa a brincar com o telemóvel, ou a brincar com uma consola? Eu acho que é bem mais interessante fazer este tipo de atividades”, nota.

A iniciativa, lançada há 13 anos pela Câmara do Porto, recebe crianças e jovens entre os 6 e os 15 anos, residentes ou não na cidade do Porto, e apresenta um programa dividido por semanas temáticas que inclui mais de 30 atividades adaptadas a cada escalão etário. Os participantes inscritos podem praticar várias modalidades desportivas e também realizar visitas a museus, praias, jardins e parques, assim como oficinas de alimentação, ciência, sessões de magia, entre outras iniciativas.

“Ou são famílias do Porto, ou pessoas que trabalham no Porto. É um pouco aquela vocação que estamos a encontrar também, por exemplo, para a habitação a preços acessíveis. Nós consideramos que as pessoas que trabalham no Porto são equiparadas a portuenses, só não vivem cá porque não podem. Como trabalham cá, no fundo, são portuenses de adoção. Mas a maioria [das crianças] são do Porto”, frisa Rui Moreira.

Oferta para todos

Operacionalizada pela empresa municipal Ágora – Cultura e Desporto, a Missão Férias@Porto tem vindo a tornar-se “cada vez mais inclusiva”, salienta a vereadora da Saúde e Qualidade de Vida, Juventude e Desporto, Catarina Araújo: “Desde o ano passado passámos a ter crianças com necessidades educativas especiais, num protocolo que fizemos com a Associação de Desporto Adaptado do Porto. É um reflexo da vontade deste campo de férias ser mais inclusivo. Foram ainda disponibilizadas 96 inscrições gratuitas a crianças e jovens, sinalizados pelo Departamento de Coesão Social da Câmara Municipal do Porto, que de outra forma não poderiam estar aqui.”

Da mesma forma, a iniciativa assumiu o código ColorADD que, tal como no ano passado, foi aplicado em toda a sinalética dos campos de férias. Trata-se de um sistema gráfico de identificação de cores concebido para daltónicos. No decorrer do programa, estão previstas palestras de sensibilização que ajudarão as crianças a compreender o que é o daltonismo e como funciona este código, criado pelo portuense Miguel Neiva.

“Há um grande esforço de organização”, reconhece Catarina Araújo. “Ao longo destas semanas temos aqui mais de 100 professores e monitores. É uma grande organização, começou muito lá atrás. O número de polos, cinco, para permitir que os pais possam deixar as crianças no tempo e local onde lhes dê mais jeito; a diversidade das atividades, cerca de 30, é um grande esforço de organização e também financeiro da Câmara do Porto”, acrescenta, cifrando o investimento em 175 mil euros numa edição que bateu um recorde de inscrições.

“Nós conseguimos não parar as férias durante a pandemia. Acho que foi um aspeto muito relevante, porque durante a pandemia também havia muitas pessoas a trabalhar. E as crianças estavam fartas de estar em casa”, lembra Rui Moreira.

Até ao final de agosto, a Missão Férias@Porto vai continuar em vários pontos da cidade. Este ano a iniciativa distribui-se por cinco pontos, que funcionam como base de receção e entrega das crianças: Complexo Desportivo do Monte Aventino, Pavilhão Irene Lisboa, Pavilhão do Viso, Pavilhão Pêro Vaz de Caminha e Parque Desportivo de Ramalde/INATEL. Os campos de férias municipais acolhem cerca de 1300 participantes, que ocuparam na totalidade as mais de 3000 vagas disponibilizadas em várias atividades, o maior número desde a criação deste programa.