Sociedade

Breaking abre caminhos e muda o ritmo dos bairros do Porto

  • Porto.

  • Notícia

    Notícia

É uma semana, mas na prática, acredita-se, pode durar uma vida. Ou mudar. O breaking chegou aos bairros do Porto e lá encontrou, no fundo, a sua origem: a rua, a música urbana, até os esterótipos. Por isso, naturalmente, ficou. Ao longo da última semana, a iniciativa “Ao Ritmo do Bairro” levou a dança urbana a Contumil, ao Lagarteiro e ao Cerco para mais um passo positivo no caminho destas crianças e jovens. Vários passos.

A “crew” está formada, mas há sempre espaço para mais um. No ringue desportivo do Bairro de Contumil o espaço – e o linóleo – é para todos: os que já sabem uns passos e os que estão a olhar para os b-boys e b-girls pela primeira vez, para os que dominam e para os que se vão atrevendo a arriscar um pino, uma pirueta, um passo de dança ao ritmo do hip hop.

Os mais pequenos olham para os mais velhos e imitam. A posição, o apoio correto. O estilo e a atitude parecem mais fáceis. Os passos mais complicados precisam de cuidado com a respiração, ninguém imaginava como respirar era importante para ser um bom b-boy ou b-girl.

Estas são as coisas que aprendem durante as férias de verão. Não as sonharam, mas o “Ao Ritmo do Bairro” mostrou-lhes que era um caminho possível. “O que fazemos é encontrar uma ocupação muito positiva nas épocas de férias”, simplifica Max Oliveira.

O coordenador do projeto lembra que isto é mais do que dança, procurando “que os bairros tenham atividades culturais e desportivas”. O breaking como motor, que leva a todos o rap, o beatbox, o grafitti, o ‘dj-ing’.

“Juntamente com a cidade estamos em mais do que um projeto social e desportivo, o que é maravilhoso porque acaba por haver aqui um altruísmo catalisador de tudo isto e há miúdos que estão em vários projetos e acabam por beber de todos e, de repente, estão aqui alguns deles a transformar-se em formadores, competidores”, acrescenta Max Oliveira.

O também formador sublinha como “é visível o ambiente familiar que existe com os miúdos nos bairros” e acrescenta que “se eles depois se vão apaixonar por isto e vão querer seguir, cá estaremos para poder alimentar esse caminho”.

O professor que assumiu o ritmo no Bairro de Contumil, Paulo Maia, confessa que “é incrível quando desperto esta paixão neles”, lembrando que “todos nós temos uma paixão, mas muitos de nós não a conseguimos encontrar”.

“Quando sinto que eles estão a encontrar alguma coisa, que se estão a encontrar a eles próprios, fico super feliz com isso”, afirma o professor também conhecido por Aiam, para quem “este projeto tem toda a importância do mundo” uma vez que “o breaking traz tudo. Traz cultura, traz físico, estado de espírito positivo”.

E acrescenta: “Os miúdos aqui estão entretidos, afastados de ambientes como o que nos rodeia, que por vezes são caminhos que não interessam a ninguém. Isto encaminha-os, ocupa-os, cansa-os”.

E afinal, qual é o ritmo dos bairros do Porto? “É maravilhoso. É cheio de energia, de talento, de potencial, de miúdos que podem ser tão positivos para esta cidade. É só encaminhá-los e dar-lhes a conhecer o bom”, acredita Max Oliveira.