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Biografia do coronel Sousa Rosa homenageia um homem a quem o Porto deve obra, saúde e uma veia irresoluta

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No discurso proferido quando deixou o cargo de presidente da Câmara do Porto, Augusto Sousa Rosa disse que “todos os que amam o Porto” a deveriam homenagear. Esta quinta-feira, 7 de outubro, foi a vez de a cidade prestar homenagem – mais uma vez – a uma das suas figuras marcantes. O livro "Augusto Sousa Rosa – Uma Vida, Um Propósito" foi apresentado nos Paços do Concelho pelo presidente Rui Moreira e pelo historiador Hélder Pacheco.

Firmando a certeza de que o legado de Sousa Rosa é algo “que nos orgulha muito nesta casa”, o presidente da Câmara do Porto afirmou que o ex-autarca, apontado para assumir a presidência, “merecia para ela ter sido eleito e merece ser honrado por todos nós”.

Por assumir a autarquia de “uma cidade irresoluta, onde tudo se discute” e “num tempo particularmente difícil”, Rui Moreira acredita que o coronel Augusto Sousa Rosa “acaba por ser uma vítima da esperança que o guia, que o move. A mesma esperança de uma cidade que o viu fazer, o viu construir e que não o esqueceu”. “Sousa Rosa não olhou apenas à obra, mas às pessoas. As pessoas eram para ele fundamentais”, sublinhou Rui Moreira do trabalho do biografado.

“Augusto Sousa Rosa – Uma Vida, Um Propósito” é o resultado de 25 anos de pesquisas feitas e organizadas em livro pelo neto do coronel, médico e autarca. Perante um átrio cheio, Rui Sousa Rosa, autor do livro e neto de Sousa Rosa, reconheceu que esta “é uma justa homenagem a um homem que dedicou parte da sua vida em prol da cidade, do bem comum e dos cidadãos do Porto”.

Convidado a apresentar o livro, o historiador Hélder Pacheco destacou “uma personalidade onde a honradez e o serviço ao bem comum são um exemplo para os tempos que correm”. “Este livro é uma revelação, é um livro luminoso e é uma surpresa”, confessou, destacando a ação de Sousa Rosa como médico militar “verdadeiramente altruísta e disciplinado perante as grandes carências sentidas pela intervenção portuguesa” na I Guerra Mundial.

A cidade muito lhe deve, seja em obra, seja em políticas. Sousa Rosa, explica Hélder Pacheco, “definiu como prioridades o abastecimento de água, o saneamento, a habitação e a higiene dos produtos alimentares. Um programa absolutamente notável”.

Sousa Rosa deu ao Porto a Pérgola da Foz, os 96 hectares do Parque da Cidade, os primórdios da Feira do Livro, os primeiros recipientes para a recolha do lixo, obras de arte nos jardins e também “o melhor matadouro da Península Ibérica e um dos melhores da Europa”. “No Porto é assim, e espero que continue: quando não há e se vai fazer, faz-se o melhor que há. Não é ficar pela mediocridade”, realçou o historiador.

É de Sousa Rosa também a ideia de criação do Serviço de Assistência Médica Domiciliária de Emergência, “o embrião do INEM”, e foi ao serviço do município que “propôs medidas sociais como obras públicas para criar emprego e atenuar os efeitos da crise” causada pela queda da Bolsa de Nova Iorque.

Afastado da presidência da Câmara do Porto pela União Nacional, Sousa Rosa terá sido informado apenas pelos jornais. De saída, assumiu que “procurámos imprimir progresso, com o melhor dos nossos esforços e da nossa desinteressada boa vontade, dizendo, simples mas entusiasticamente ‘Viva o Porto!’”. “Era um homem isento de ambições e interesses, guiado apenas pela vontade de bem servir a administração da cidade”, concluiu Hélder Pacheco.