Ambiente

Ave de rapina encontrada em terraço devolvida à natureza no Parque Oriental

  • Porto.

  • Notícia

    Notícia

Excitado enquanto era transportado numa caixa de cartão, após alguns segundos de hesitação pela dimensão da liberdade concedida, o jovem Açor que o Centro de Recolha Oficial de Animais (CROA) havia resgatado no início de agosto foi rápido no regresso aos céus. Para assinalar o Dia Mundial do Animal, a 4 de outubro, a ave de rapina foi – mais do que simbolicamente - devolvida à natureza.

A história de resgate do pequeno Açor começou com o alerta de “um morador na zona da Asprela que tinha avistado a ave, com dificuldade em voar, no seu terraço”, conta o vereador com os pelouros do Ambiente e do Bem-estar animal, Filipe Araújo.

Foi a intervenção do CROA que permitiu o resgate daquela ave de rapina. “Fomos alertados, recolhemos o animal e, passado um dia, estava a ser entregue no Parque Biológico de Gaia, que é um dos grandes parceiros que nós temos nesta área e que, felizmente, presta estes serviços à região”, explica o responsável do município.

A história deste Açor continua em Vila Nova de Gaia. A médica veterinária do Centro de Recuperação de Fauna do Parque Biológico de Gaia, Vanessa Soeiro, admite que “um animal destes, quando se deixa apanhar, algum problema tem”. Tinha uma fratura na clavícula esquerda.

Seguiu-se um período de repouso e recuperação, com exercícios de musculação, também no Parque Nacional da Peneda Gerês. Antes da libertação, foi preciso assegurar treino de voo “porque esteve algum tempo com restrição de movimentos”, explica a médica veterinária.

Na manhã desta sexta-feira, o jovem Açor voltou aos céus, por entre as árvores do Parque Oriental, que se revela “uma boa zona para o devolver à natureza por ser uma área florestal, com árvores maduras, que são os habitats preferenciais deles”.

“Ele agora irá decidir se tem aqui alimento, condições para ficar, para criar a sua residência”, afirma Vanessa Soeiro, lembrando que o Açor “é uma rapina, uma árvore carnívora, que caça essencialmente aves pequenas como rolas, pombas ou pequenos mamíferos”, e que “tem uma capacidade de voo muito potente”.

Filipe Araújo refere que “o Porto encontra alguns animais que passam pelos nossos parques e jardins quando vão nas suas migrações”. No entanto, “esta espécie, o Açor, não é das que mais avistamos, não é muito de ambientes urbanos, mas de vez em quando aparece”.

Os parques e jardins do Porto têm revelado dimensão e boas condições para devolver estes animais selvagens à natureza. No ano passado, o Dia Mundial do Animal foi assinalado com a libertação de uma garça junto ao Observatório das Aves, na margem do Jardim do Calém, em Lordelo do Ouro. Anteriormente, tinha sido a vez de uma geneta, recolhida na Foz, a encontrar habitat no Parque da Cidade.

Para o vereador do Ambiente e Bem-estar animal, estas ações “têm um aspeto pedagógico para o qual queremos sempre alertar”. “Faz todo o sentido voltar a alertar a população para estes aspetos importantes e essenciais para o nosso futuro”, defende Filipe Araújo, referindo-se à “necessidade de preservar estas espécies, de termos atenção à biodiversidade, de termos cuidado de não interferir no seu habitat”.

No caso do Açor, a sua população em Portugal é reduzida e o seu estatuto de conservação “vulnerável”, em grande parte devido à captura, cativeiro e abate ilegais, à fragmentação e destruição do habitat, e ainda ao envenenamento através das presas que come.