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Avatar ajuda surdos a viajar na rede do Metro do Porto

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A estação de metro dos Aliados, no Porto, tem instalado um tradutor de língua gestual bidirecional automática no piso -2, a partir desta quinta-feira. Trata-se de um ecrã gigante, interativo, que cobre seis idiomas e ajuda os utilizadores surdos na resposta a um sistema simples de perguntas. A apresentação formal decorreu esta manhã.

O projeto foi desenvolvido por investigadores do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), com parceria da Câmara do Porto, e recorre a um avatar para responder a perguntas frequentes relacionadas, neste caso, com as viagens no Metro do Porto, tais como: o que é o Andante, como posso adquirir o Andante ou o que acontece se perder o cartão.

"Adaptar programas a necessidades especiais é uma das principais ferramentas da coesão social e da inclusão, que é um dos objetivos da cidade do Porto e só pode ser alcançado com o apoio de parceiros como o Instituto Politécnico e a Metro do Porto", sublinhou o presidente da Câmara, Rui Moreira, na cerimónia de apresentação do equipamento.

Também o presidente da Metro do Porto, Jorge Delgado, referiu que toda a rede de metro foi concebida no sentido de incluir as pessoas com mobilidade reduzida e que faz parte da natureza da empresa a possibilidade de "dar a todos os clientes as melhores condições possíveis para a utilização do sistema de rede", alargando assim o âmbito dessa inclusão a outras deficiências como a auditiva e visual.

Por sua vez, João Rocha, presidente do Instituto Politécnico do Porto, explicou que o projeto está ainda numa fase-piloto e que os planos são de alargamento, não só em Portugal, mas também no Brasil.

"Podemos desenvolver conhecimento e criar novas tecnologias, mas o essencial é transferir esse conhecimento para a sociedade para que possamos tirar partido do que estamos a fazer", disse, e "contribuir para que as pessoas trabalhem melhor e vivam melhor nesta cidade".

Armando Baltazar, presidente da Associação de Surdos do Porto, enalteceu a iniciativa, reiterando que no seu dia-a-dia "as pessoas surdas encontram várias barreiras que condicionam o seu desenvolvimento e as suas capacidades", sendo a barreira principal a da comunicação.

"Se não há comunicação, dificilmente poderá haver uma vida plena de oportunidades, uma vida que possamos chamar de inclusiva", disse Armando Baltazar, que agradeceu o empenho dos investigadores e parceiros na busca de uma solução e no desenvolvimento de um projeto que considera ser" uma forma de procurar uma verdadeira inclusão".

O equipamento-piloto vai estar disponível ao público para experimentar e avaliar até ao final deste ano. Disponibiliza tradutor de língua gestual em português, cipriota, grego, alemão, esloveno e inglês.

O projeto I-ACE 

O tradutor foi desenvolvido no âmbito do projeto I-ACE, financiado pela União Europeia através do programa Erasmus+, e dispõe de um orçamento de 300 mil euros. Coordenado pelo GILT (Games Interaction and Learning Technologies), grupo de investigação do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), o I-ACE desenvolveu esta ferramenta que permite apoiar a comunidade surda no percurso escolar.

O objetivo central é facilitar a comunicação entre surdos e ouvintes em contexto escolar e social, estando já prevista uma aplicação direta na sala de aula, com um piloto a ser implementado no Agrupamento de Escolas Alexandre Herculano.

O I-ACE foi desenvolvido em parceria com a Câmara do Porto, a Universidade de Siegen (Alemanha), a Universidade de Maribor (Eslovénia), a Universidade de York (Reino Unido), a European Association of Career Guidance (Chipre) e o Technological Education Institute of Crete (Grécia) e envolveu um total de 20 investigadores
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