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Aumento de custos da STCP leva Executivo a votar subida no preço do bilhete de bordo

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Miguel Nogueira

Será apreciada na reunião privada de Executivo da próxima segunda-feira, dia 21, a proposta que estabelece um aumento de 0,50€ no preço do bilhete de bordo nos autocarros da rede STCP. A medida é justificada com o aumento de custos da empresa – nomeadamente do gás natural, utilizado por 80% da frota – e enquadra-se na “promoção da autossustentabilidade económico-financeira do serviço público de transporte de passageiros explorado pela STCP”, pode ler-se na proposta assinada pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira.

“Desde finais de 2021, inicialmente como consequência da retoma da atividade económica após a pandemia, e a partir de fevereiro de 2022, como consequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, os custos energéticos da STCP sofreram aumentos muito consideráveis, tendo sido o preço médio do m3 de gás natural entre janeiro e outubro de 2022 de cerca de 155 cêntimos (1,55€) por comparação com um preço médio do m3 de cerca de 61 cêntimos (0,61€) para o ano de 2021, o que traduz um aumento na ordem dos 250%”, sublinha o autarca.

Rui Moreira acrescenta que “a frota da STCP é atualmente composta por 420 viaturas, 80% das quais operam a gás natural, pelo que o aumento do custo com combustíveis, nomeadamente no que respeita ao custo com a aquisição de gás natural, representa um aumento de cerca de 20% na estrutura de custos da empresa, por comparação com o ano de 2021, e de 24%, por comparação com o ano de 2020”. O presidente da Câmara do Porto questionou, recentemente, como será indemnizada a STCP pelo aumento do preço do gás natural.

Esta subida de preço “por si só, constitui uma variação anormal de um dos fatores principais de produção do serviço que é prestado pela empresa, o que aconselha a autorização de um aumento extraordinário na tarifa ocasional exclusiva STCP, o Bilhete de Bordo, como medida de promoção da autossustentabilidade económico-financeira do serviço público de transporte de passageiros explorado pela STCP”, justifica.

Assim, a partir de 1 de janeiro de 2023 – a ser aprovada a proposta – o bilhete de bordo sofrerá um aumento extraordinário de 24%, passando a custar 2,50€.

Por outro lado, aos títulos Assinatura Rede Geral STCP será aplicada a Taxa de Atualização Tarifária de 6,11% definida pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes. Estas assinaturas “são utilizadas pelos trabalhadores e antigos trabalhadores da STCP, e sem custo para os próprios, nos termos dos Acordos de Empresa em vigor, dados os valores mais vantajosos que assumem as assinaturas Andante com o apoio do PART (Programa de Apoio à Redução Tarifária) para os clientes”, realça Rui Moreira. O preço nominal destes títulos passará para 51,50€, mantendo-se porém o preço de venda ao público nos 48,55€, pela aplicação das medidas excecionais de apoio às famílias para mitigação dos efeitos da inflação. O Governo determinou que não haverá aumento dos passes dos transportes públicos para o público, alocando, em 2023, uma verba adicional ao Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos.

Os aumentos foram aprovados “por unanimidade dos presentes” na 11.ª reunião da Unidade Técnica de Coordenação da STCP, realizada no dia 4 de novembro.

“O título monomodal da STCP não sofre qualquer alteração” desde 2019, “mantendo-se desde essa data com um preço de venda ao público de 2,00€”, frisa o presidente da Câmara do Porto, acrescentando: “Por outro lado, o Bilhete de Bordo STCP tem sempre tarifário ocasional Andante alternativo, a preço inferior (títulos Z2 e Z3) ou similar (caso dos títulos Z4 e também dos Z5, se incluirmos o preço do base), pelo que este aumento extraordinário pode ser anulado no cliente, desde que este opte pela compra antecipada.”

“Há também um objetivo de desincentivar a venda a bordo, para maior eficiência no serviço prestado”, nota Rui Moreira, concluindo que “a simplificação de trocos na venda a bordo também assume relevo nos tempos de paragem do autocarro durante as viagens para a respetiva venda, com consequente impacto na velocidade comercial das linhas. Este aspeto por si só justifica a necessidade de ser garantido sempre um valor que desejavelmente assuma quebras aos 0,50 cêntimos.”