Economia

Atração de talento e capacitação digital são chaves para superar os desafios da pandemia

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Miguel Nogueira

As cidades debatem-se com vários desafios agravados pela pandemia: a crise económica, a quebra de receitas e a definição de estratégias de futuro são tópicos fulcrais na gestão autárquica, e nos quais a Câmara do Porto tem vindo a trabalhar nos últimos anos.

Estas questões foram abordadas num painel realizado no primeiro dia da Semana da Reabilitação Urbana do Porto, em que se discutiu o plano europeu de recuperação económica para ultrapassar a pandemia e as estratégias que as cidades devem adotar para enfrentar o futuro com mais confiança.

“Economia, financiamento e cidade – Onde está o futuro?” – esta era a questão de partida e o vereador da Economia, Turismo e Comércio da Câmara do Porto, Ricardo Valente, não deixou de admitir sentir-se “pouco otimista” quanto à resposta nacional à emergência sanitária e económica. “Houve uma conversa nula com as cidades, do ponto de vista da aplicação dos fundos europeus. É uma visão muito centralista, completamente contraditória com a lógica dos fundos, que é de combater uma série de problemas das cidades, da mobilidade às questões ambientais” frisou.

“É uma oportunidade perdida do ponto de vista do que poderia ter sido feito”, acrescentou Ricardo Valente, ressalvando que a boa gestão do Município do Porto permite encarar este período complicado de outra forma: “Felizmente, o Porto tem boas contas. Neste período de expansão o Porto funcionou em contraciclo, para agora, que precisamos de colocar o investimento público a funcionar, ter os instrumentos para manter o investimento público e até acelerar”.

Recentemente, a agência de notação financeira Fitch renovou confiança nas contas públicas do Porto, comparando-as em alta relativamente ao país.

Para além da boa gestão, é necessário que a cidade continue a atrair pessoas, sublinhou ainda Ricardo Valente. “O Porto é hoje, isso é inequívoco, uma cidade que está nos radares internacionais. Deixou de ser um destino apenas turístico, é um destino também empresarial. Continuamos a ter empresas a chegar. A cidade é atrativa do ponto de vista dos novos negócios”, salientou o vereador.

“A pandemia trouxe o trabalho remoto, e isso valoriza os sítios onde é bom viver para trabalhar. Portugal é dos melhores sítios do mundo para viver. As pessoas descobriram-no como destino turístico, mas têm de descobri-lo como destino de trabalho”, vincou Ricardo Valente, ressalvando porém que é essencial combater determinadas assimetrias: “A questão digital é muito importante, mas em Portugal 40% das pessoas não tem qualquer formação digital. Toda a política digital tem de ser bem definida, para que não estejamos a criar novo problema de coesão social, a infoexclusão digital”, concluiu.

Ricardo Valente interveio num painel enquadrado no programa da VIII Semana da Reabilitação Urbana do Porto, que contou ainda com a participação de Ana Paula Serra (administradora do Banco de Portugal), Manuel Reis Campos (presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas), Carlos Mineiro Aires (bastonário da Ordem dos Engenheiros), Luís Lima (presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal) e Fernando Freire de Sousa (economista e ex-presidente da CCDRN – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte).

Com organização da Vida Imobiliária e da Promevi, a Semana de Reabilitação Urbana, que este ano decorre em formato online, conta com o apoio da Câmara do Porto e ainda com o vasto suporte do setor empresarial, institucional e da sociedade civil.