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Assembleia Municipal cumpre voto de pesar pelo falecimento de Eduardo Lourenço

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Miguel Nogueira

A Assembleia Municipal do Porto respeitou, nesta quarta-feira, um minuto de silêncio pelo falecimento de Eduardo Lourenço. “Agitador de ideias”, “homem muitíssimo inteligente”, “intérprete de primeira grandeza” de Portugal e “poeta do pensamento” foram alguns dos atributos endereçados ao professor, filósofo, escritor, crítico literário, ensaísta que morreu aos 97 anos, no passado dia 1 de dezembro. Também os 40 anos sobre o falecimento de Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa foram lembrados.

O voto de pesar foi apresentado, autonomamente, pelos grupos municipais Rui Moreira: Porto, o Nosso Partido e pelo PS, tendo sido subscrito por todas as forças políticas representadas na Assembleia Municipal.

Do grupo Rui Moreira: Porto, o Nosso Partido, a deputada municipal Isabel Ponce de Leão assinalou as obras premiadas e as “inúmeras distinções” que o pensador da cultura portuguesa recebeu ao longo da vida.

“Eduardo Lourenço teve um mérito indiscutível e só o arreigamento à cultura francesa, propiciadora de um estilo rebuscadamente artiste, impediu que alcançasse um maior número de leitores”, referiu a representante independente, que sublinhou ainda que o filósofo “continuou a desvendar Portugal, na senda de Eça de Queirós, Antero de Quental, Oliveira Martins, Fernando Pessoa, António Sérgio ou Miguel Torga”.

Assinalando que foi “um agitador de ideias, que teve em vida homenagens e colóquios de toda a ordem”, Isabel Ponce de Leão afirmou que Eduardo Lourenço merece ser tratado e lembrado “como um homem muitíssimo inteligente”.

Por seu turno, em representação do Partido Socialista, o deputado municipal Rui Lage constatou que “qualquer rótulo soará redutor” para classificar Eduardo Lourenço.

“Portugal teve alguns intérpretes de primeira grandeza: filósofos, historiadores, escritores, artistas, cientistas, políticos. Espíritos que foram capazes de descobrir ou propor um sentido, de levar a olhar-se ao espelho”, introduziu o deputado, sugerindo o nome de Eduardo Lourenço nesta restrita lista.

Parafraseando Lídia Jorge que, por altura da homenagem da Feira do Livro do Porto ao ensaísta, em 2019, o pronunciou como “poeta do pensamento”, Rui Lage completou que Eduardo Lourenço, “talvez como nenhum outro vulto da nossa cultura”, deu um contributo incomensurável “para a compreensão dos mitos, das idiossincrasias e dos labirintos do nosso trajeto coletivo”.

Nesse sentido, o deputado sugeriu ainda que o Município do Porto pensasse atribuir o nome de uma rua da cidade a Eduardo Lourenço, aspeto que está dependente de proposta da Comissão de Toponímia.

Ainda na mesma sessão foi aprovado um voto de pesar por ocasião dos 40 anos do falecimento de Sá Carneiro, de Adelino Amaro da Costa e dos seus acompanhantes, proposto pela bancada Rui Moreira: Porto, o Nosso Partido. “Francisco Sá Carneiro era uma das almas livres do Porto”, recordou o deputado municipal Paulo Jorge Teixeira, referindo que se “torna um imperativo moral recordar o seu exemplo”.

Também do grupo social-democrata foi apresentada uma moção de homenagem à memória de Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa, que foi aprovada. Na sua intervenção, a deputada municipal do PSD Mariana Macedo destacou o percurso político do então primeiro-ministro do país, como “exemplo e combustível para a participação de muitos” na vida democrática.