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Asprela quer ser fator multiplicador do quilómetro quadrado do conhecimento e da sustentabilidade

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Contrariando a tendência de pensar projetos consoante os apoios, o Município do Porto encontrou nos EEA Grants um recurso que lhe viria a permitir escalar a estratégia há muito pensada para a zona do Amial: de um projeto de criação da primeira comunidade de energia renovável, no bairro municipal, chegou-se ao “Asprela+Sustentável” e multiplicou-se o conhecimento, os projetos, a aposta em soluções sustentáveis. Na Porto Ambiente, o secretário de Estado do Planeamento ficou a par do caminho já percorrido e da vontade da Câmara e dos parceiros em replicar este quilómetro quadrado da sustentabilidade em outras zonas da cidade.

Com a maior classificação na candidatura aos EEA Grants, o ‘Asprela+Sustentável’ é importante pela resposta que está a criar numa zona onde vivem, estudam e circulam muitas pessoas. “É uma área que nós queríamos que fosse, além do quilómetro quadrado do conhecimento, o quilómetro quadrado da sustentabilidade”, afirma o vice-presidente da Câmara do Porto.

O ponto de partida foi o Amial, o bairro e a escola, onde a instalação de painéis fotovoltaicos irá permitir a produção de energia limpa para consumo dos edifícios, assim como para carregadores de veículos elétricos de utilização pública.

Para que os residentes do Bairro do Amial possam começar a usufruir de energia proveniente desta tecnologia, faltam apenas pormenores relacionados com o equipamento. Durante um período, a energia será gratuita e a Câmara irá estudar o modelo de a fazer, depois, chegar à população a preços acessíveis.

Nas palavras de Filipe Araújo, é importante para o Município que “aquilo que estamos a fazer no ‘Asprela+Sustentável’ nos permita tirar ilações para que possamos melhorar estes projetos, mas, acima de tudo, que os possamos replicar na cidade”.

A intenção, assume o vice-presidente, é “suportar uma estratégia municipal para estas áreas da economia circular, de cada vez mais produzirmos a nossa energia, e que essa energia propicie outras condições às pessoas que são nossas inquilinas nos bairros municipais”.

Foi nestes locais que teve lugar a instalação de um sistema de gestão de eficiência energética para combate à pobreza energética na habitação social (a par das centrais solares fotovoltaicas em edifícios municipais).

Alimentação e reparação de equipamentos na missão da neutralidade

Foi – também – para isso que foi firmado o Pacto do Porto para o Clima, para que a própria comunidade se envolva. “O que nós queremos com estes pequenos projetos, quando ganharem escala, é que as pessoas sejam contribuintes líquidos para aquilo que é a descarbonização da cidade e a neutralidade”, admite o responsável pelo Ambiente e Transição Climática.

A par desta comunidade de energia renovável, nasceram outros projetos: o Good Food Hubs, com mercados de venda de produtos biológicos por produtores locais junto do polo universitário da Asprela, ou o ReBoot, que permite a reparação de equipamentos informáticos, promovendo a economia circular.

Mas há mais vertentes: a da monitorização e controlo do caudal e qualidade das ribeiras do Parque Central da Asprela que, explica o vice-presidente, “utilizando a Inteligência Artificial, nos permite perceber melhor quando há poluição e sermos muito mais ágeis na ação”; mas também a instalação de bebedouros nos circuitos de atividade física e recreativa.

Fomentar relações para expandir estratégia

Para o secretário de Estado do Planeamento, “os projetos ganham com a interação” uns com os outros. “Mais do que o financiamento, importam as relações que se criam entre as instituições e as parcerias que nascem a partir daí”, sublinha Eduardo Pinheiro.

São parceiros do Município do Porto no 'Asprela+Sustentável' as empresas municipais Águas e Energia do Porto e Porto Ambiente, a Agência de Energia do Porto, a Porto Digital, a Coopérnico - Cooperativa de Desenvolvimento Sustentável, a Federação Académica do Porto, o INEGI, o INESC TEC, e as empresas Efacec, IDN, Cleanwatts e EVIO.

Reconhecendo “o entusiasmo de todos, nas várias áreas”, o responsável reforça como os “projetos com importância” levados a cabo pelo Município do Porto “se inscrevem nas prioridades dos EEA Grants”: o ambiente, as alterações climáticas e a economia de baixo carbono.

Olhando o trabalho do Porto como “um bom exemplo”, Eduardo Pinheiro defende que “não faz sentido definir a estratégia conforme os recursos que estão disponíveis. Vale a pena, sim, ter a estratégia e, depois, aproveitar os recursos disponíveis”, “criar condições e, funcionando, alargar a outros projetos”.

Lançadas as sementes neste quilómetro quadrado, neste laboratório vivo para a descarbonização, o ‘Asprela+Sustentável’ será o esboço “para o projeto de cidade de futuro que queremos concluir até 2030”, admite Filipe Araújo.