Anfíbios regressam em segurança aos Jardins do Palácio de Cristal
Porto.
Notícia
Guilherme Costa Oliveira
Fruto da aposta na biodiversidade nativa e da colaboração estreita do Município com o projeto MoRe Porto, do CIIMAR, foram reintroduzidas três espécies de anfíbios autóctones (rã-verde, tritão-de-ventre-laranja e sapo-parteiro-comum) nas massas de água dos Jardins do Palácio de Cristal.
Depois de um período de ausência, os anfíbios regressam, agora, a estes jardins históricos, no seguimento de um conjunto de ações de restauro das massas de água: limpeza de lagos e tanques, retirada de peixes exóticos e reintrodução de plantas aquáticas nativas.
Numa primeira fase foram intervencionados seis lagos, onde foram instaladas plantas aquáticas emergentes (p.e. Iris pseudacorus, Lysimachia vulgaris, Lythrum salicaria), plantas flutuantes (p.e. Nymphoides peltata e Potamogeton crispus) e várias plantas de zonas de escorrência (p.e. Marsilea batardea, Carex pendula e Wahlenbergia hederacea).
Com o habitat recriado, foram reintroduzidos os anfíbios: rã-verde (Pelophylax perezi), tritão-de-ventre-laranja (Lissotriton boscai) e sapo-parteiro-comum (Alytes obstreticans).
Os anfíbios são um dos grupos mais ameaçados da fauna, pois dependem da existência de habitats terrestres e aquáticos em boas condições.
Estes animais reproduzem-se nas massas de água com boas condições e com presença de plantas aquáticas nativas. Os peixes e tartarugas invasores representam uma forte ameaça para estes animais, pois são predadores vorazes, sobretudo dos seus ovos e larvas.
Proteção de espécies
A formação dos jardineiros sobre as melhores práticas de gestão destas massas de água, evitando, por exemplo, o uso de químicos ou o esvaziamento completo em épocas sensíveis, é outra ação importante, que pretende garantir a continuidade das boas condições para a biodiversidade aquática a largo prazo.
A escolha das espécies de anfíbios e plantas a introduzir em cada local teve como base as condições ecológicas das massas de água e áreas verdes envolventes e obedece à autorização fornecida pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas para esta operação.
O MoRe Porto é um projeto promovido pelo Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), financiado pela Fundação Belmiro de Azevedo, e que tem a Câmara do Porto como principal parceiro estratégico.
Os seus objetivos fundamentais incluem: o mapeamento e caracterização das zonas húmidas, a manutenção, o restauro e a criação de novas massas de água, que servem como soluções baseadas na natureza para fomentar a biodiversidade e os serviços de ecossistema.
Faz, ainda, faz parte deste projeto o desenvolvimento de ações de formação, educação e sensibilização sobre valor das zonas húmidas, em escolas locais e com a população em geral.