Cultura

Acordo para receber obras de Miró inclui pólo de Serralves no Matadouro

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O acordo obtido entre a Câmara do Porto e Serralves inclui a presença da fundação no futuro do Matadouro, em Campanhã, que a autarquia vai transformar num centro de desenvolvimento cultural, social e económico. Na sua crónica semanal num jornal diário, Rui Moreira faz a revelação, adiantando que a solução encontrada permite que "sobrem recursos" para outros projetos comuns.

No artigo, publicado hoje no CM, Rui Moreira explica as razões da escolha de Serralves para criar um museu municipal que receberá em permanência a coleção de obras de Juan Miró: "Ninguém compreenderia que, neste tempo, se desperdiçassem recursos para replicar competências. A minha decisão é coerente com o meu programa, que aponta mais para a criação de conteúdos do que para a construção de novos templos. E tem também a virtude de, com ela, a Fundação de Serralves poder olhar o futuro com outro fôlego e confiança, depois de resistir aos cortes de financiamento que a crise do país lhe trouxe. Faz sentido que assim seja. E, no âmbito deste acordo, sobram recursos e garantiremos um polo de Serralves em Campanhã, no Matadouro."

O presidente da Câmara do Porto faz também um breve historial do processo que permitiu que as obras ficassem no Porto: "Percebi que a coleção Miró tinha coerência e valor como um todo quando um colecionador americano se me dirigiu pretendendo que a Câmara lhe cedesse um espaço permanente, para o caso de conseguir comprar a totalidade da coleção. Queria-a no Porto, toda no Porto e só no Porto. Com Paulo Cunha e Silva, empenhei-me nessa solução, que fracassou, pois o anterior governo insistia em vender as obras, uma a uma, num leilão internacional.", revelou, prosseguindo; "Já com o atual Governo, primeiro com João Soares e depois com Castro Mendes, a ideia não esmoreceu. Com um novo dado, uma vez que o Estado já não a queria vender. Soares deu o primeiro passo, quando convidou Serralves a fazer a exposição que agora podemos visitar. Mas foi António Costa quem decidiu que toda a coleção viria para o Porto, para o Município, ajudando a quebrar um ciclo em que o Porto tem tido, por parte do poder central, investimentos culturais escassos, quando comparados com os que agrega a capital. Com essa garantia, havia que decidir o que fazer, sem perda de tempo. Escolhi negociar com a Fundação de Serralves, que acedeu a instalar na sua casa o novo polo cultural do Município. Todos compreenderão que Serralves tem todos os recursos técnicos para garantir a maximização do projeto. Quem visitar a exposição perceberá a coerência histórica e estética."

Elogiando o papel de João Soares e de Castro Mendes no processo, Rui Moreira deixa ainda um agradecimento a António Costa, dizendo, contudo, que o Porto merece: "O Porto deve, por isso, um agradecimento a António Costa pela forma como tratou a questão. O Porto todo fez por merecer esta coleção, que casa bem com o ambiente da cidade, onde se cruza a aposta cultural do Município com a vontade seminal dos seus artistas e criadores." Na mesma página, mas noutra secção, Rui Moreira elogia a capacidade negocial de Ana Pinho, a administradora da Fundação Serralves que consigo acordou a permanência da coleção na Casa de Serralves.

O projeto para a transformação do antigo Matadouro industrial do Porto foi apresentado a 15 de abril em Milão, durante a trienal de arte e design que ali decorreu. A exposição que antecede a adaptação da Casa de Serralves à permanência da coleção, foi inaugurada na passada sexta-feira.

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