Abolição da pena de morte e memórias da I Guerra em exposição no CPF
Notícia

"Morte à morte! 150 anos da abolição da pena de morte em Portugal / 1867-2017" e "Bloody Landscapes" são as duas mostras que se inauguram na tarde deste sábado no Centro Português de Fotografia (CPF).
Pelas 16 horas abre a exposição "Morte à morte! 150 anos da abolição da pena de morte em Portugal / 1867-2017", da responsabilidade da Assembleia da República, que assinala a aprovação da carta de lei de 1 de julho de 1867 (reforma penal das prisões e abolição da pena de morte para crimes comuns e de trabalhos públicos).
Comissariada pelo historiador Luís Farinha, esta exposição destaca o pioneirismo de Portugal na abolição da pena de morte e apresenta, através de textos, imagens e documentos, os antecedentes jurídicos e políticos, as práticas anteriores de execução, as repercussões nacionais e internacionais da aprovação da carta de lei, os sucedâneos da pena de morte (pena celular perpétua e degredo para as colónias) e as tentativas de reposição da pena capital, fazendo-se ainda referência à situação atual no mundo.
Inclui um núcleo multimédia com um filme enquadrador e uma projeção evocativa dos debates parlamentares sobre a temática. São também apresentados mapas ilustrativos dos países abolicionistas e retencionistas em 1880, 1980 e na atualidade.
De notar que o título da exposição - "Morte à morte!" - é retirado de uma carta de Victor Hugo ao diretor do Diário de Notícias, em julho de 1867, felicitando Portugal pela abolição da pena de morte.
A mostra resulta de uma pareceria entre a Assembleia da República, o Arquivo Nacional da Torre do Tombo e o Centro Português de Fotografia. Estará patente até 24 de junho.
Bloody Landscapes lembra a batalha de La Lys
Também no sábado, mas às 17 horas, é tempo de recordar a I Grande Guerra, através das imagens fotográficas de Augusto Lemos, que representam um documento pessoal da revisita a vários espaços desse conflito, tornando-se ao mesmo tempo uma perspetiva da paisagem do Norte da Europa. Estará patente até 8 de julho.
A batalha de La Lys, em 9 de abril de 1918, coincide com um momento final da investida alemã, revelando-se um dos grandes desastres da História. De abril a junho de 1918 é lançado o último ataque alemão em grande escala: tanques, metralhadoras, nuvens de gás mortífero sobre as trincheiras da Flandres e do norte de França. Junto ao rio La Lys estacionava o batalhão do Corpo Expedicionário Português que, ao contrário de todas as tropas em combate, alternadas de seis em seis meses, permanecia sem ser substituído há 15 meses e, mal equipado e esgotado, resistiu inutilmente à forte investida de 9 de abril.
Em julho, o quartel-general alemão sabe que perdeu a Grande Guerra (1914-1918), uma calamidade que matou mais de 10 milhões de homens, produziu 5 milhões de estropiados, fez cair quatro impérios (o alemão, o russo, o turco e o austro-húngaro) e determinou um novo mapa da Europa e novas identidades.
Augusto Lemos percorreu esses espaços que recuperam a intervenção internacional, como a portuguesa do CEP e a mortífera batalha de La Lys; a frente com as trincheiras escavadas, o perigoso intervalo entre as duas frentes inimigas, a localidade de La Lys, o monumento aos mortos da Grande Guerra.
Encontrou os nomes, as artérias reconstruídas, os novos bairros, a catedral e, destacados e infindáveis os cemitérios, alinhamentos de nomes quase todos de mortos desconhecidos, apenas indicados pela nacionalidade.