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A viagem da mais perfeita das flores: do Oriente a bom Porto

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Filipa Brito

Japoneira, Rosa da China, Rosa do Japão. Ou simplesmente Camélia. É musa de poemas e romances e já embelezou jardins de nobres e aristocratas. Hoje mais democrática, a flor que a cidade recebeu como sua logo nos primeiros anos do século XIX é motivo para calçar as botas e sentar-se “De binóculos no sofá”, em mais um vídeo da equipa de Ambiente da Câmara do Porto.

Condecorada por alguns como a rainha das flores, a Camélia pode ser vista um pouco por toda a cidade, faça chuva ou faça sol, de folhas vivas e uma explosão de cor e flores, mesmo quando outras se fecham para o inverno.

Um passeio pelo Palácio de Cristal, pelo parque de S. Roque ou, claro, pelo Jardim Botânico faz os olhos passarem facilmente por algumas das centenas de variedades conhecidas. Mas, antes de vir dar ao Porto o cognome de Cidade das Camélias, havia de nascer a Oriente e ter viajado pela Europa pelas mãos de missionários, navegadores e mercadores com relações comerciais com a China e o Japão. Vivia o mundo os finais do século XVI, princípios de XVII.

França e Inglaterra conheceram-na, por essa altura, como planta do chá. Ainda hoje, a Camélia Sinensis tem um grande valor económico. Comerciantes de primeira, foram os chineses que começaram a comercializar sementes de outras espécies do género Camélia. E assim a Europa iniciava o gosto pelas ornamentais Camélia Japónica e Camélia Sansaqua.

A descrição do género Camélia surgiu pelas palavras do botânico suíço Lineu, na obra Sistema Natura, estávamos já no século XVIII. A flor foi batizada em memória de um dos maiores conhecedores da espécie, o farmacêutico jesuíta Georg Joseph Kamel.

Não havendo “bela sem senão”, a equipa de Ambiente da Câmara do Porto lembra, no entanto, que a Camélia de hoje é diferente das espécies iniciais: tem mais pétalas, é verdade, mas a sua capacidade de reprodução tem diminuído.

Entretanto, descobriram-se outras potencialidades como o uso das pétalas para ornamentar pratos gourmet ou fazer compotas, mas há também produtos para a pele e o cabelo feitos a partir de sementes da Camélia.

Se houve quem as estudasse, mais foram – e são – os que se limitaram a contemplá-la. O amor do Porto pelas Camélias nasceria por volta de 1808-1810. Já lá vão mais de 200 anos e as celebrações vivem-se com a paixão de sempre, com uma exposição anual onde é escolhida a “Melhor Camélia”, a “Melhor Camélia de Origem Portuguesa” e a “Melhor Ornamentação – Arranjo Floral”.

No ano passado, as 750 espécies diferentes de camélias do Jardim Botânico do Porto valeram-lhe o prémio "International Garden of Excellence", atribuído pela International Camellia Society.

Outros passaram da contemplação às declarações. Inspiração para reis, poetas, horticultores, colecionadores, designers, foram tantos os que a ela se referiram como a mais perfeita das flores, ou o prodígio da perfeição floral. Basta pensar n’A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas, ou na referência de Giosuè Carducci ao Porto como “um rio correndo entre camélias”. E até algumas malas e acessórios do estilista Coco Chanel serão prova desta paixão pela flor do Oriente.

Noutros episódios da série “De binóculos no sofá”, a equipa de Ambiente da Câmara do Porto observou a salamandra-de-pintas-amarelas, o pardal ou o azevinho. Todos os episódios estão disponíveis no YouTube do portal Porto. ou através das hashtags #ambientedescomplicado, #debinoculosnosofa, #historiascomambientedentro, #biodiversidadeemcasa e #atelierdaboavida.