Cultura

A procura da felicidade de Paulo Cunha e Silva está no Porto da Cultura, em livro e num prémio internacional

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Para Paulo Cunha e Silva, a política, sobretudo a municipal, deve ser "a procura da felicidade". A essa demanda responde a Cultura na cocriação de uma cidade "que se interpela, mais feliz, mais esclarecida". Paulo Cunha e Silva faleceu em 11 de novembro de 2015, mas vive neste Porto. Hoje, dia em que completaria 56 anos, foi a sua voz que se ouviu, de todos as formas, no lançamento do livro "751 Dias - O Tempo Não Consome a Eternidade" e na inauguração da exposição do prémio internacional de arte com o seu nome.

Foi um fim de tarde emotivo que se viveu na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, onde se fez coincidir a apresentação do livro sobre o antigo vereador da Cultura da Câmara do Porto, escrito pela jornalista Helena Teixeira da Silva, com a inauguração, na Galeria Municipal do Porto, da exposição da primeira edição do Prémio Paulo Cunha e Silva.

Pretendeu-se, deste modo, homenagear "um homem genial" que foi decisivo na transformação do Porto. "Espero que, em sua memória, a cidade nunca mais volte para as trevas, a penumbra, o cinzentismo" - salientou Rui Moreira na apresentação do livro, uma edição municipal. 

Como lembrou o autarca, o seu antigo braço direito para a Cultura, o amigo ou simplesmente "o Paulo" deixou uma cidade "diferente e que tem a obrigação de assim continuar". Ou seja, dedicar-lhe uma publicação é também a forma de manter vivo o projeto escolhido para o Porto.

Para a realização do livro, uma ideia surgida há dois anos, Rui Moreira deu a Helena Teixeira da Silva "uma carta em branco. Teve total liberdade para o escrever" e o resultado é "uma obra magnífica, enternecedora", mas a certa altura "quase maldita: imaginou-se que eu a queria usar como política eleitoral". Também por isso surge apenas agora, "na altura certa".

O AMOR ENTRE UM HOMEM E UMA CIDADE

"Esta é uma história de um amor entre um homem e uma cidade, uma história que foi vivida por todos, um amor entre dois outonos. Esta é a história de 751 dias" - começa assim, ocupando o dia 1, um livro que para Helena Teixeira da Silva se tornou "numa grande obsessão". Reuniu os testemunhos de 100 pessoas e o resultado é uma obra que, contando exatamente o número de dias de um vereador, é sobre "toda a vida do Paulo".

Para a autora, o projeto só foi possível graças à visão do presidente da Câmara para o Porto, "um homem que elegeu a Cultura como bandeira e depois [com a ideia do livro, mas também do Prémio] soube honrar um homem que fez tudo por essa bandeira".

Emocionada, Helena frisou depois o essencial: esta não é uma obra "para glorificar uma pessoa que já não está cá". Não é esse o sentido. "Há livro porque há Paulo" e porque existe uma cidade "tão diferente, que sabe dizer obrigado. O Porto esteve à altura do Paulo quando ele chegou e quando ele foi embora". Quase passados dois anos sobre o seu desaparecimento, concluiu a autora, ficou sobretudo "a inspiração para um futuro novo", que se vai alcançando com a Cultura "feita por todos, que chega a todos".

UM PRÉMIO PARA CONTINUAR

Nesta ideia de futuro cabe o Prémio Paulo Cunha e Silva, lançado em 2015 e que seguramente "é para continuar", disse Guilherme Blanc, adjunto do presidente da Câmara do Porto para a Cultura e curador, com João Laia, da exposição dos finalistas desta primeira edição.

Na Galeria Municipal do Porto estão patentes trabalhos de artistas dos vários continentes. São seis finalistas, todos com menos de 40 anos e já notados internacionalmente, mas sem mais do que uma exposição individual, a apresentar "uma ou duas obras" numa exposição onde "diferentes discursos se complementam", assinalou ainda Guilherme Blanc.

Para se chegar a este resultado, multidisciplinar na forma e no fundamento artístico, um corpo de 16 curadores indicados pelos quatro elementos do júri do Prémio (João Laia, Vicente Todolí, Meg Stuart e Julião Sarmento) analisou os portefólios de 47 artistas. Destes foram selecionados Christine Sun Kim (EUA), Jonathas de Andrade (Brasil), June Crespo (Espanha),  a dupla Mariana Caló e Francisco Queimadela (Porugal), Naufus Ramírez Figueroa (Guatemala) e Olga Balema (Ucrânia).

O vencedor do Prémio - apoiado pela Fundação Millennium bcp e dotado de um valor pecuniário de 25 mil euros - será anunciado no dia 2 de julho.

A exposição está patente até 19 de agosto, podendo ser apreciada na Galeria Municipal do Porto (BMAG), nos jardins do Palácio de Cristal.