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A entrada para o reino das fadas fica no Amial

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Da próxima vez que estivermos parados no trânsito junto ao viaduto do Amial, talvez possamos aproveitar para apreciar as árvores que ali habitam e que estão tão intimamente ligadas ao Porto. É esse o convite da equipa ambiental do Município num novo episódio “De binóculos no sofá”, em Dia Mundial da Árvore.

Apreciadora de ter as raízes de molho, a Alnus Glutinosa, ou Amieiro para os leigos em matéria de nomes científicos de árvores, pode ser encontrada nas margens de cursos de água, ou em zonas encharcadas ou com muita humidade. A sabedoria popular gosta de lhe chamar “O Rei das Águas”.

Uma distinção real, que o Amieiro não entrega em mãos alheias. Responsável por criar uma barreira natural contra a erosão daquelas zonas, é também fonte de abrigo e alimento para muitas espécies, pela resina de aspeto viscoso que apresentam os seus rebentos e folhas.

Além disso, o Amieiro é, também, um guerreiro, dada a sua comprovada resistência à chuva, à neve ou à geada, e até mesmo à poluição, o que lhe permite adaptar-se com naturalidade ao território de Portugal Continental e saber viver no meio da cidade. Talvez o seu “ponto fraco” seja a suscetibilidade a períodos de seca.

Diz quem gosta de contos que é por entre estas árvores, à sombra dos seus 30 metros de altura e, em alguns casos, 120 longos anos de vida, que se esconde a porta de acesso ao reino das fadas. Talvez o próprio Amieiro seja uma fada que, ao ser capaz de ocupar solos pobres, vai enriquecendo os terrenos para que outras plantas prosperem.

E agora mais contributos do Amieiro. É um ótimo aliado dos Caretos de Lazarim, pois é da sua madeira sem cheiro que são feitas as máscaras tradicionais. E quem lhe pode agradecer muito também são os caminheiros e os montanhistas uma vez que as folhas do Amieiro, quando colocadas dentro das meias, aliviam o cansaço e os ferimentos dos pés. Além disso, por ser suave, leve, e resistente à humidade e ao choque, foi essencial na produção de socos e tamancos.

E depois há ainda a possibilidade de utilização dos taninos na indústria de curtumes, tintureira e farmacêutica. As suas propriedades medicinais levam a que seja visto como um poderoso adstringente (controlador da oleosidade da pele) e, da sua casca, pode produzir-se pasta de dentes.

Ou então, pode apenas ser apreciado. Nos diversos parques e jardins da cidade. Ou em manhãs de trânsito, ali junto ao Amial, "o bosque dos Amieiros".

Noutros episódios da série “De binóculos no sofá”, a equipa de Ambiente da Câmara do Porto observou a camélia, salamandra-de-pintas-amarelas, o pardal ou o azevinho. Todos os episódios estão disponíveis no YouTube do portal Porto. ou através das hashtags #ambientedescomplicado, #debinoculosnosofa, #historiascomambientedentro, #biodiversidadeemcasa e #atelierdaboavida.