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"A cultura vai estar, cada vez mais, no centro das vivências da cidade", afirma Rui Moreira na entrega das medalhas municipais

  • Paulo Alexandre Neves

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"No Porto, a cultura vai estar, cada vez mais, no centro das vivências da cidade e das suas gentes, honrando a nossa história, o nosso património, a nossa capacidade criativa e estética", afirmou, este domingo, o presidente da Câmara, durante a cerimónia de entrega das medalhas municipais, que teve na Casa do Roseiral, nos jardins do Palácio de Cristal. Este ano, a música foi a atividade em destaque, com a atribuição de medalhas de Honra à banda GNR, aos cantores e compositores Pedro Abrunhosa e Rui Reininho e ao maestro José Luís Borges Coelho. Ao todo foram homenageados 44 personalidade e instituições.

“Ao marasmo que herdámos respondemos com uma política cultural ambiciosa, que privilegia a transdisciplinaridade e a criação de sinergias, a formação e o cruzamento de públicos, a abertura à comunidade e a democratização do acesso à cultura", afirmou Rui Moreira.

O presidente da Câmara deixou mesmo uma garantia: "Não vamos parar por aqui. Há vários projetos estruturantes em andamento na área da cultura, como a reconceptualização do agora Museu do Porto, a beneficiação e ampliação da Biblioteca Pública Municipal ou a transformação do antigo Matadouro de Campanhã num polo cultural".

Há dez anos que o Município aposta numa dinâmica artística, curatorial, museológica e editorial nas instituições e equipamentos municipais de cultura. "Tem também investido no apoio à criação artística, no desenvolvimento de uma rede de parcerias com agentes culturais, na descentralização do acesso à cultura, na formação de novos públicos, na divulgação do conhecimento e na valorização do património histórico-cultural", frisou.

“Lográmos inverter uma prolongada tendência de estagnação do meio cultural portuense e de fragmentação de iniciativas e projetos, tantas vezes efémeros", acrescentou Rui Moreira.

A música em destaque

Este ano, a música foi a atividade em destaque na cerimónia de entrega das medalhas municipais. Para além dos GNR, Pedro Abrunhosa, Rui Reininho e José Luís Borges Coelho foram ainda concedidas medalhas, de Mérito, à pianista Sofia Lourenço e ao músico, professor e produtor Mário Barreiros.

“Quisemos celebrar a longa e venerável tradição musical do Porto. Uma tradição que teve o seu auge no Portugal oitocentista, tendo declinado a partir de meados do século XX, tendência que começou a ser revertida no início deste século", sublinhou o autarca.

Em suma, afirmou Rui Moreira, "o Porto tem uma relação especial com a música e a sua tradição musical oitocentista está a ser reavivada nas últimas décadas. Surgiram novos músicos, maestros e compositores, há uma maior oferta de géneros musicais, a quantidade e qualidade das salas cresceu significativamente e não faltam concertos, festivais e outros eventos a marcar a agenda cultural da cidade".

“A música é, talvez, a mais democrática das expressões artísticas. Está omnipresente na vida moderna e a sua fruição faz-se de forma quase espontânea, como se fosse uma necessidade biológica. Que não haja dúvidas: uma sociedade onde a música é desvalorizada tende a ser menos inclusiva e coesa", disse.

“Há, de facto, um sentir do Porto"

Desde 2014 que a cerimónia de entrega de medalhas municipais acontece a 9 de julho, uma data simbólica que remete para a entrada na cidade do exército liberal liderado por D. Pedro IV (9 de julho de 1832), a que se seguiu o cerco do Porto, que durou um ano. A essa heróica resistência da cidade e das tropas liberais de D. Pedro se deveu a vitória da causa liberal em Portugal e, a partir deste marco histórico, o Porto passou a ser nomeado como cidade Invicta. O presidente da Câmara do Porto, sob a presença do Executivo e do presidente da Assembleia Municipal do Porto, Sebastião Feyo de Azevedo, entregou, este ano, um total de 44 medalhas municipais a diferentes personalidades e instituições.

“Nesta cerimónia cumprimos um imperativo ético de reconhecimento e gratidão", disse Rui Moreira, agradecendo "a todas estas mulheres, homens e instituições o seu inestimável contributo para aquilo que torna a cidade do Porto tão especial – o seu carácter. Um carácter estribado no sentido de dever, no apego à cidadania, no gosto pelo trabalho, no espírito empreendedor e na vontade de inovar".

“Embora nem todos os homenageados desta cerimónia sejam portuenses, a verdade é que identificamos nestas mulheres e homens uma sintonia com os valores liberais e humanistas do Porto e um genuíno apreço pela nossa cidade", garantiu o autarca, acrescentando: "Há, de facto, um sentir do Porto. Uma ligação arreigada e primacial que nos une à cidade e nos faz sentir portuenses, mesmo sem ter cá nascido".

Citando vários autores - Miguel Torga, Vitorino Nemésio, Vasco Graça Moura, Eugénio de Andrade ou Miguel Veiga, que escreveu: "pertencemos a esta cidade, que nos pertence, como uma roupa que nos veste por dentro" –, o presidente da Câmara adiantou que "o Porto é, reconhecidamente, uma cidade diferente e que não deixa ninguém indiferente. É uma cidade que nos interpela, nos sobressalta e nos agarra, deixando muitas vezes um travo de nostalgia na hora da partida".

“Muito do que é a identidade do Porto está representado no talento, na idoneidade, na ambição e no brio dos homenageados nesta cerimónia. Muitos dos valores liberais e burgueses da nossa cidade-nação se vislumbram na personalidade de cada um dos medalhados. Muito do que é o desenvolvimento, a afirmação e a visibilidade que o Porto alcançou nas últimas décadas se cruza com o percurso pessoal e profissional das pessoas que acabámos de distinguir", concluiu Rui Moreira.

Portuenses reconhecidos

Para além das medalhas de Honra e de Mérito, ligadas à música, receberam também medalhas de Mérito o político e advogado Amorim Pereira, o diretor-geral da Fairjourney Biologics, António Parada, o diretor artístico do Teatro do Bolhão, António Capelo, e seu fundador, Pedro Aparício, os almirantes António Silva Ribeiro e Henrique Gouveia e Melo, o antigo presidente da Junta de Freguesia do Bonfim, Armindo Luís Teixeira, a diretora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Fernanda Ribeiro, a responsável pelo Serviço de Artes Performativas de Serralves, Cristina Grande, o coordenador do Grupo de Trabalho do Bicentenário da Independência do Brasil, George Monteiro Prata, o diplomata brasileiro Guilherme Belli, a poeta Inês Lourenço, a jornalista Isabel Paulo e os antigos ministros do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, e da Defesa Nacional, Azeredo Lopes.

A lista contemplou ainda o escritor e professor José António Gomes, o presidente do INESC TEC, José Manuel Mendonça, o escritor José Viale Moutinho, a cozinheira do Solar do Moinho de Vento, Lucília Moreira, o designer Luís Onofre, o presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, Manuel Cabral, os empresários Manuel Serrão e Paul Symington, o administrador executivo do Porto Canal, Manuel Tavares, a engenheira química Isabel Martins e a antiga professora e deputada da Assembleia da República Julieta Sampaio.

A Medalha de Mérito foi entregue também à fundadora da Parfois, Manuela Medeiros, ao artista plástico Mário Bismarck, ao produtor musical Mário Barreiros, ao grão-mestre da Confraria do Vinho Verde, Mário Cerqueira Correia, ao especialista em engenharia civil, Paulo Pinho, ao fotógrafo Paulo Pimenta, ao antigo presidente da Junta de Freguesia de Campanhã, Rodrigo Oliveira, à pianista Sofia Lourenço, à artista urbana Teresa Rafael, e ao diretor da Violas Ferreira, Tiago Violas Ferreira. Os Estúdios Rangel e a Livraria Lello fecharam a lista de nomes propostos.

Este ano, Cátia Meirinhos, administradora da empresa municipal GO Porto, e Luís Moutinho, diretor do Departamento Municipal de Proteção Civil, receberam a Medalha de Bons Serviços.