Urbanismo

A cidade que atrai Pessoas e Atividades foi analisada à lupa na Semana do PDM

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A atratividade por um território que é finito coloca múltiplos desafios em termos de políticas públicas. Numa altura em que os especialistas convidados a estudar este fenómeno, no âmbito da revisão do PDM, alertam para o envelhecimento da população e para a perda demográfica causada pela baixa taxa de natalidade a nível nacional, fica a convicção conjunta de que uma atividade económica pujante é fator crítico para a fixação de residentes. O debate prossegue hoje às 21,30 horas sob o tema "Mobilidade, Transportes e Ocupação de Solos", na Junta de Freguesia de Paranhos.

Ontem à noite, "Pessoas e Atividades" foi o assunto em análise na Semana do PDM promovida pela Câmara do Porto. À terceira sessão consecutiva de um programa intensivo que culmina sexta-feira nos Paços do Concelho com a participação de Rui Moreira e da sua equipa de vereadores (às 11 horas), foram três os estudos apresentados por diferentes equipas de investigação.

Da Universidade de Aveiro, mais precisamente da equipa do GETIN (Grupo de Estudos em Território e Inovação) coordenada por Eduardo Santos, coube a José Manuel Martins apresentar os Cenários Demográficos, estendendo o horizonte temporal até 2040. Com base na evolução dos censos desde os anos 90, o professor apresentou sempre três diferentes imagens de futuro (uma mais otimista, outra mais moderada, e outra mais pessimista).

Em qualquer um dos cenários - e não querendo com isso assustar a audiência que assistia à sessão na União de Freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos (Polo de Massarelos) ou através da emissão transmitida em direto na página oficial do Município no Facebook e no canal de Youtube - o investigador avisou que daqui a 20 anos, a baixa natalidade será inferior à taxa de reposição, mesmo no cenário mais otimista (para repormos os níveis de 2010 e garantirmos a sustentabilidade, seria necessário que cada mulher tivesse, em média, mais de quatro filhos, sendo que, atualmente essa taxa encontra-se pouco acima de um filho por mulher, indicou).

Ainda assim, para José Manuel Martins, o reverso da medalha desta tendência transversal a todo o país - e não exclusiva à cidade do Porto - é a maior esperança média de vida. "Hoje a população acima dos 65 anos envelhece com qualidade de vida" e, nesse sentido, o especialista diz que há uma oportunidade para a cidade criar atividades económicas pensando nesta nova circunstância de organização da sociedade.

Em todo o caso, cruzando estes cenários demográficos com dados económicos, o investigador da cidade de Aveiro diz que para o Porto permanecer atrativo, terá de continuar a estimular a economia, porque "onde não há emprego, não há fixação de pessoas", constatou.

No segundo relatório, apresentado pelo técnico municipal Carlos Oliveira, da Divisão Municipal de Planeamento e Ordenamento do Território, que teve por base a recolha e análise de estatísticas de organismos oficiais e de meios internos, ficou evidente que o centro da cidade tem vindo a perder população desde os anos 80. Uma realidade, portanto, que não se pode imputar a fenómenos recentes como o crescimento exponencial do turismo, considerou.

Na síntese do estudo sobre Pessoas e Atividades ficou ainda registado que as deslocações "são cada vez mais diversificadas e extensas", e por essa razão o transporte individual continua a ter muito peso. De acordo com os dados do estudo, observa-se um interesse crescente pela cidade, também a nível externo: o turismo é já um motor da economia local, e há cada vez mais empresas tecnológicas a instalarem-se no Porto, pela qualidade dos recursos humanos e pela qualidade de vida que a cidade oferece.

Perante este quadro de crescimento de atividade, aumentou a procura por habitação e, por consequência, começou a escassear a oferta, o que levou a uma subida dos preços. Importa por isso que, na revisão do PDM, a cidade saiba responder ao desafio da "coesão sócio-territorial", que tem reflexos no mercado habitacional, concluiu Carlos Oliveira.

Para apresentar conclusões sobre Ocupação Funcional, Dinâmicas Territoriais e Centralidades, a professora Teresa Sá Marques, do CEGOT (Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território) da Universidade do Porto, recorreu a várias cartografias para demonstrar diferentes modelos de comportamento da cidade segundo indicadores distintos: distribuição da população residente; nível de envelhecimento; escolaridade; desemprego; condições de habitabilidade e mobilidade urbana.

Coligindo todos os mapas, a especialista concluiu que "a baixa perdeu a sua função residencial há muitos anos, mesmo décadas" e que a cidade ainda está socialmente segmentada. Por isso, admitiu que a estratégia municipal para o desenvolvimento da zona oriental é fundamental, porque, de facto "é um território de oportunidades capaz de criar novas centralidades".

Hoje, às 21h30, a Mobilidade estará no centro do debate

Após mais uma sessão com casa cheia moderada pelo vereador do urbanismo, Pedro Baganha, e que contou ainda com uma abordagem geral sobre a revisão do PDM por Isabel Martins, diretora do Departamento Municipal de Planeamento Urbano, realiza-se esta quinta-feira a última sessão noturna da Semana do PDM, dedicada à Mobilidade, Transportes e Ocupação de Solos, na Junta de Freguesia de Paranhos (Rua Álvaro de Castelões, n.º 811).
A transmissão em direto será, como habitual, assegurada. 

Este encontro antecede a última sessão, agendada para sexta-feira no átrio da Câmara do Porto, às 11 horas. Após uma semana intensiva de debate, Rui Moreira e a sua equipa de vereadores dirão aos portuenses que visão de futuro têm para a cidade, confrontando informação tornada pública durante as sessões anteriores com as políticas estabelecidas a longo prazo.

O registo vídeo da terceira sessão da Semana do PDM também já está disponível na íntegra: