Cultura

A aula foi nos Paços do Concelho e teve como objeto de estudo "Os Lusíadas"

  • Paulo Alexandre Neves

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Francisca Lobão faz parte de umas das turmas de 10.º da Escola Secundária Alexandre Herculano. Esta sexta-feira, conjuntamente com mais 15 colegas e duas professoras, a estudante saiu do seu tradicional ambiente estudantil e teve uma “aula” nos Paços do Concelho, com um objeto raro para estudo: a primeira edição d’ “Os Lusíadas”.

Ao longo de três dias já passaram pela exibição de edições raras da obra épica de Luís Vaz de Camões perto de dois mil visitantes. Iniciativa inserida nas comemorações dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões e que pode ser visitada até este sábado, entre as 9 e as 17 horas.

Em exibição três históricos exemplares: uma primeira edição, editada em 1572, em Lisboa, e pertença do Ateneu Comercial do Porto e dois outros dois exemplares da Biblioteca Pública Municipal do Porto (BPMP). Um, datado de 1817 e que pertenceu ao bispo do Porto, D. João de Magalhães e Avelar, e uma edição crítica, comemorativa do terceiro centenário da morte do poeta, publicada, no Porto, por Emílio Biel.

“No contexto da disciplina de Português e para nosso conhecimento pessoal este é um acontecimento cultural importante”, sublinhou Francisca Lobão, que, tal como os seus colegas, estudaram “Os Lusíadas”, no 9.º Ano. “É importante termos um conhecimento sobre o que foi o nosso passado e a importância que a cidade do Porto teve nessa altura”, acrescentou.

Sobre a obra de Luís Vaz de Camões confessa que foi “a parte favorita em Português”: “Gosto muito de interpretar as obras. E ‘Os Lusíadas’ dá-nos essa abertura para interpretarmos o contexto do que o autor quis transmitir”.

“É importante ver esta exposição”

Também Fátima Gama frisa a importância d’ “Os Lusíadas” e das comemorações do nascimento do seu autor no contexto nacional. “É importante ver esta exposição. Foi um marco na nossa cultura, na nossa literatura. É a exaltação patriótica do povo português”, garante a professora de Português do “Alexandre Herculano”.

Confessa que estava com alguma curiosidade em ver a primeira edição do poema épico e as outras duas, “ilustradas e que aparecem, muitas vezes, nos manuais escolares”. Porque gosta muito “de livros antigos”, a docente deixa um elogio à Câmara Municipal do Porto: “Realiza iniciativas que têm sempre esta ligação com a cidade e o país. ‘Os Lusíadas’ é uma obra portuguesa, que não pode ficar esquecida”.

A visita dos alunos do 10.º Ano da Escola Secundária Alexandre Herculano contou com a presença do vereador da Educação. “É uma excelente oportunidade para sensibilizar os alunos para a importância do autor, mas também mostrar o trabalho de preservação de todo o acervo municipal”, assegurou Fernando Paulo.

“Ao longo destes dias, as escolas tiveram a oportunidade de saírem das salas de aula e verem exemplares raros e até visitar o edifício dos Paços do Concelho”, acrescentou.

Camões na cidade do Porto

Inserido nas comemorações dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões, e para além da exibição de "Os Lusíadas", a iniciativa é complementada por um projeto de Gonçalo M. Tavares e coorganizado pelo Município do Porto, que envolve a população da cidade. As 1102 estrofes serão distribuídas por outros tantos cidadãos que queiram participar, prevendo a filmagem de leituras de "Os Lusíadas", por vezes em atos performativos, em vários cenários da cidade.

O critério é simples: haver uma criança de sete anos a ler “As armas e os barões assinalados” (primeira estrofe) e uma pessoa de 87 anos a terminar, em “Sem à dita de Aquiles ter enveja” (última estrofe). As gravações serão, depois, espalhadas pela cidade (acessíveis através de códigos QR). Quem quiser fazer parte da leitura coletiva, poderá inscrever-se através do endereço de correio eletrónico camoes500anos@cm-porto.pt.