6 mil já visitaram "Lux Mirabilis"
Notícia
Em pouco mais de três meses, a exposição "Lux Mirabilis" contou já com 5.800 visitantes. Inaugurada a 15 de dezembro de 2015 no Museu Nacional
de Soares dos Reis (MNSR),
aquela que é a grande iniciativa da Universidade do Porto no âmbito do Ano
Internacional da Luz tinha encerramento previsto para 27 de março, mas dado o
crescente número de solicitações, foi prolongada até
17 de abril.
Desde a luz na
natureza (em minerais, seres vivos e fenómenos atmosféricos), até à luz nas
crenças religiosas, mitos e superstições, passando pela evolução das fontes de
luz artificial, conceções científicas e respetivas implicações tecnológicas,
"Lux Mirabilis" reúne cerca de 170 peças que têm por foco a luz, nas suas
múltiplas dimensões.
Duas das peças
em exposição levam os participantes até 1865, ano em que se realizou no Porto a
Exposição Internacional Portuguesa, evento que levou à construção do Palácio de
Cristal (demolido em 1951). Estamos a falar de dois diapositivos de vidro
que pertencem, atualmente, às coleções do Museu da Faculdade de Engenharia da
U.Porto. Na Exposição Internacional, o fabricante francês J. Duboscq tinha
expostas duas coleções de diapositivos para ensino de astronomia e cosmografia,
feitos com pintura sobre vidro. Ambas foram compradas pela "Academia
Polytechnica do Porto" (1837-1911), para uso no Gabinete de Instrumentos
Matemáticos. Foram levantadas após o encerramento da exposição, conforme
consta num documento com data de 23 de outubro de 1865. Não há registo da
compra de uma lanterna para projetar estes diapositivos, possivelmente porque
a Academia esperava poder usar a lanterna do Instituto Industrial, baseando-se
numa lei de 1852 que estabelecia a partilha do Gabinete de Física e do
Laboratório Químico com a primitiva Escola Industrial. No
MNSR estão expostos o diapositivo de imagem animada com o número 5 que
demonstra a curvatura da Terra, e o diapositivo de imagem fixa número 18 que
representa a lua vista ao telescópio. Outros diapositivos de imagem fixa
podem ser vistos através de um tablet.
Outra das peças que esta exposição permite ver de perto é o
projetor cinematográfico cujo modelo é conhecido como Imperator e
que surgiu pela primeira vez em 1909. Apesar da concorrência da marca francesa
Pathé, em 1913 cerca de 75 % das salas de cinema parisienses utilizavam projetores
como este. Sendo quase exclusivamente feito de ferro e aço, uma inovação para a
época, este projetor utiliza iluminação por arco voltaico (descarga elétrica
mantida entre elétrodos de carvão), e corre fitas de 35 mm.
Crê-se que este projetor terá pertencido ao fotógrafo e
empresário de origem alemã Karl Emil Biel (Emílio Biel), residente no Porto
durante décadas. Nos finais de 1916 eram leiloados no Porto os bens da família
Biel, na sequência da declaração de guerra da Alemanha a Portugal, sendo que do
leilão anunciado para 28 de Dezembro constava uma máquina cinematográfica e
fitas. Este aparelho surge em documentos de despesa do Laboratório de Física
da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), em conjunto com
negativos da casa Emílio Biel & Cª, escassos dias depois, numa compra a uma
retrosaria da rua Mouzinho de Albuquerque, intermediária na transação. A
acompanhar o projetor adquirido pelo Laboratório de Física da FCUP no início de
1917 estava uma fita de 35 mm. O filme retrata uma parada da guarnição militar
de Munique, realizada por ocasião do nonagésimo aniversário do Príncipe
Regente Luitpold da Baviera (1821-1912), em 12 de março de 1911, a escassos dez
dias da criação da Universidade do Porto. Trata-se de uma cópia digital, não
editada.
Estas são só algumas das histórias que Lux Mirabilis" conta.
A exposição apresenta peças provenientes do Museu de História Natural e de
Ciência, do Museu da Faculdade de Engenharia e do Fundo Antigo da Universidade
do Porto, mas também da Associação Atractor, do Museu do ISEP, do Museu de
Ciência da Universidade de Coimbra e do Museu de Soares dos Reis. São 170 peças
para ajudar a compreender o que é, afinal, a luz.
Com entrada livre, a exposição pode ser visitada
no Museu Nacional de Soares dos Reis de terça-feira a domingo,
das 10h00 às 18h30. Ficará patente até 17 de abril de
2016.