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550 refeições solidárias diárias representam apoio municipal superior a 800 mil euros

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Para continuar a assegurar a resposta dada pelos restaurantes solidários, que, diariamente, servem, em média, 550 refeições, o Município do Porto vai lançar um concurso público para a contratualização externa do serviço de confeção e distribuição. Valor contratual é de 803 mil euros e foi aprovado na última reunião de Executivo, com as abstenções da CDU e do Bloco de Esquerda.

O vereador da Coesão Social recordou que o início do projeto, em parceria com os Serviços de Assistência Organizações de Maria (SAOM) surgiu da "necessidade de criar uma resposta de forma digna", mas a sua escalada já levou à criação de mais dois restaurantes solidários.

"Do ponto de vista da administração e gestão, da transparência e do rigor, fomos obrigados a passar para uma contratação de serviço", explicou Fernando Paulo.

Com a cozinha centralizada nas antigas instalações do Hospital Joaquim Urbano, o Município mantém as parcerias com o CASA – que assegura mais de 400 voluntários a servir as refeições – e com o GAS Porto – que "garante o acompanhamento social dos utilizadores e os encaminha para o NPISA (Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo)".

O vereador sublinha que "os restaurantes servem para garantir a refeição nutricionalmente equilibrada, mas também para aproximar as pessoas em situação de vulnerabilidade dos serviços sociais e de saúde".

Mais de duas mil refeições entregues em toda a cidade diariamente

Além das 550 refeições diárias nos restaurantes solidários, o Município assegura, também, a alimentação das pessoas instaladas no Centro de Acolhimento Temporário Joaquim Urbano. Se a estas se juntar a resposta garantida por outras cantinas sociais ou pela Paróquia do Marquês, a realidade chega às mais de duas mil refeições todos os dias.

E a estas acrescem as que são distribuídas pelas equipas de rua, "que garantem, nos lugares de pernoita e em locais onde não há rede de restaurantes solidários, que as refeições cheguem nos sete dias da semana".

Para Fernando Paulo, a coordenação é o ponto-chave da equação. "A rede está oleada, o nosso problema é quem não quer estar na rede. Para nós, distribuir comida na rua de uma forma desorganizada e não articulada com o NPISA é uma perturbação", partilha o vereador da Coesão Social.

Sobre a criação de um quarto restaurante solidário, pensado para a zona da Boavista, Fernando Paulo esclareceu que o projeto chegou a ser elaborado, "mas o local que tínhamos identificado, nas instalações da Junta [de Freguesia] de Massarelos, não se revelou oportuno por outras necessidades que a Junta teve".

Aquando da avaliação da Estratégia Municipal para a Integração de Pessoas em Situação de Sem-Abrigo, será averiguada "a possibilidade ou a necessidade de alargar a rede de restaurantes solidários", acrescenta o vereador.

Município acredita no consenso para uma estratégia metropolitana de integração

Na reunião, Fernando Paulo adiantou, ainda, que o Município tem aprovada uma candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência para reforço das equipas dos restaurantes, mas também para fazer a "caraterização das pessoas que nos procuram", dados que servirão para delinear uma futura estratégia a nível metropolitano.

Depois de duas primeiras reuniões, o vereador espera encontrar a "convergência" com a nova Estratégia Nacional de Combate à Pobreza, apesar do "retrocesso" que esta significa. "Aparentemente, há recursos e vontade, mas vamos ver que consenso é que podemos ter", afirma, lembrando que "todas as situações de vulnerabilidade continuam a ser reencaminhadas para o Porto".