Sociedade

Caminhos do Figurativo

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A coleção Alcino Cardoso, constituída no Porto desde a década de
80, é uma das mais interessantes em Portugal. Inclui
obras dos mais importantes artistas portugueses e europeus do séc. XX e por
isso algumas estão cedidas a museus no Porto (Serralves) e Lisboa.


 


"Caminhos do Figurativo" - A exposição começa com o
enquadramento das obras a apresentar dentro do contexto geral da colecção; como
se refere no verso deste folheto há trabalhos cedidos a museus, outros estão em
itinerâncias. Cada um é representado por uma caixa/moldura que tem no seu
interior dados da peça: catálogos, fotografias, artigos publicados sobre o
artista e o postal que a Vantag editou dentro da série "Imagine postcards"
dedicada a esta colecção. Mas,
além destas, há outras obras em museus, de Jean-Paul Riopelle a Arpad Szenes.
E, como uma colecção é uma entidade viva e mutável, com entradas e saídas, é
historicamente necessário mencionar Karel Appel, Picasso, Antoni Tàpies, Miquel
Barceló, Almada Negreiros e Francis Smith.
A exposição continua com um lote de obras que foram
seleccionadas para ilustrar um tema - nesta primeira parte, o Figurativo. E sugerimos um caminho ao longo
da galeria iniciado na passagem da caixa de Joaquim Rodrigo para o
correspondente quadro: descobrimos a figuração animal mas o humano também lá
está? confirmem! Os animais no díptico de Penalva têm uma função simbólica?
quase logotípica. A figuração humana começa com Jorge Pinheiro e a sua mulher
da Palestina: naquela face contorcida vemos o drama dos refugiados e migrantes
que atualmente assolam o velho continente. Em oposição temos as mulheres
despreocupadas de Elvira Leite. Nos dois quadros seguintes não há oposição mas
concordância: Jaime Isidoro e José Rodrigues rendem-se ao charme feminino que
colocam em primeiro plano? em Rodrigues ela é o foco da atenção das figuras
masculinas circundantes? em Isidoro ela ganha a batalha contra os habituais
elementos da paisagem citadina: os monumentos! No topo da galeria Lopez
Herrera apresenta-nos uma viragem na representação humana, animal e objetual:
passamos para um mundo de fantasia pseudo-infantil que tanto evoca a figura de
Pinóquio como o filme Psico de Hitchcock.


E iniciamos a viagem de regresso: primeiro com Eduardo Luiz onde a
figuração passa para os símbolos; e que melhores signos haverá do que as
figuras do jogo de xadrez, com os peões vítimas e evidências dos conflitos
entre os poderes do exército, da igreja e da realeza. Finalmente, um esboço de
síntese pode ser visto no quadro de José de Guimarães: duas camadas de
figuração estão presentes; primeiro as habituais criaturas do seu imaginário
que podem ser humanas, animais mas mais provavelmente ainda mitológicas? os
olhos, a cabeça vermelha, os membros a preto (formas agressivas e com arestas).
Mas em segundo plano, em silhueta e suaves curvas a cinza claro, temos uma
figuração humana mais realista? como dois planos da mesma natureza? como se uma
se transformasse na outra? como se uma fosse a projecção dos medos da outra.