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TeCA estreia espetáculo sobre os bastidores do circo

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O Teatro Carlos Alberto estreia hoje um espetáculo ficcional sobre os bastidores e os artistas do circo tradicional. "Breu" é também oportunidade para ver imagens do fotojornalista Paulo Pimenta.

Joana Moraes não é apaixonada pelo circo tradicional, mas o imaginário do circo sempre a atraiu. Inspirada pelas histórias contadas por um amigo que estava a trabalhar como apresentador num circo, e depois de ir vê-lo a essa produção, a criadora decidiu "saltar no escuro".

Daí nasceu "Breu", que o TeCA estreia hoje pelas 21 horas e no qual, além da direção artística, Joana Moraes assume também a construção do texto, a sonoplastia (em conjunto com João Pedro Brandão) e uma da personagens.

Este é o primeiro projeto do coletivo Musgo a ser pensado de raiz para um palco convencional. Nele expõe a realidade de uma família de artistas de circo, debruçando-se sobre o que está "para lá das cortinas".

Para a construção do espetáculo, a criadora e performers trabalharam com base no devising (processo colaborativo de pesquisa e criação de raiz de material para a cena) e inspiraram-se em recolhas decorrentes de visitas a circos e conversas com trupes multidisciplinares. A estas ferramentas, juntaram-se referências retiradas de alguns filmes como "A Estrada" (1954), de Federico Fellini, e "O Circo" (1928), de Charles Chaplin.

Apesar de todo esse processo de construção, a criadora de BREU avisa: "O nosso olhar não é documental, é ficcional, prende-se com a forma como contamos histórias para chegar a uma verdade".

Ao longo de mais de uma hora, os seis intérpretes olham para aqueles que lutam pela sua sobrevivência diária, num clima muitas vezes de precariedade, mas que nem por isso deixam de devotar uma dedicação extrema à arte, mantendo as tradições e o espírito de missão.

Para Joana Moraes, os artistas de circo "na pista, mostram um lado heroico, impossível de alcançar para a maioria das pessoas, mas não deixam de ser isso mesmo, pessoas". Esta "outra" normalidade - a de indivíduos que "saltam" de cidade em cidade e cujos filhos aprendem as lições na escola móvel - também encantou o coletivo. Tanto que, na banda sonora do espetáculo, foi usada música clássica e ópera para as cenas quotidianas das personagens, de forma a destacar o "lado bonito na simplicidade da vida".

Desenvolvido em coprodução com o TNSJ, "Breu" pode ser visto até 23 de fevereiro (quinta e sexta-feira, às 21 horas; quarta-feira e sábado, às 19 horas; domingo, às 16 horas). O espetáculo tem a duração de cerca de uma hora e 20 minutos e o preço dos bilhetes é de 10 euros.

O espetáculo tem de continuar: uma exposição de Paulo Pimenta

As visitas do coletivo Musgo às trupes de circos tradicionais foram acompanhadas pelo fotojornalista Paulo Pimenta, cujas fotografias são agora projetadas na Sala de Vidro do TeCA, numa exposição apelidada de "O espetáculo tem de continuar".

Durante os últimos três meses, Paulo Pimenta andou pela região do Porto à procura de imagens: passou pelo Circo do Coliseu, foi até ao Circo Cardinali e ainda visitou o Circo Mundial. "Procurei as histórias dos artistas, cujas vidas, para lá das cortinas e além das horas infinitas de viagem, incluem a montagem e desmontagem das tendas, as rotinas familiares e o amor que mantêm à vida de artista que escolheram", relata.

Atividades paralelas

No próximo sábado, dia 16, a programação contempla a oficina "Carta-Branca", em que os pais ou educadores podem deixar os mais pequenos enquanto assistem ao espetáculo. Durante a iniciativa, as crianças têm liberdade para decidir o que querem fazer: brincar, pintar, ler, ensaiar ou simplesmente "estar". A inscrição tem um valor de 2,50 euros, sendo que são aceites participantes a partir dos 4 anos.

Já no domingo, dia 17, decorre uma conversa pós-espetáculo entre a equipa artística de "BREU" e o público.

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