Cultura

"Ser um homem do Porto é ter chegado a um ponto da vida onde não me imagino a viver noutro sítio"

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Manuel Roberto

Rui Moreira foi o mais recente alvo da objetiva de Manuel Roberto, o editor de fotografia do jornal Público que, com a jornalista Mariana Correia Pinto, tem desenvolvido um projeto pessoal chamado "Porto Olhos nos Olhos" e retrata personalidades da cidade, sejam elas mais ou menos conhecidas. A vez do presidente da Câmara enfrentar a objetiva do jornalista Manuel Roberto, chegou ontem e foi hoje publicada. Atrás da sua secretária na Câmara do Porto, Rui Moreira confessou, em discurso direto, o que o prende à cidade que diz ter um carácter especial e desenhou o seu percurso de vida.

"Ser um homem do Porto é ter chegado a um ponto da vida onde não me imagino a viver noutro sítio. Acho que compreendo a cidade e preciso dela". Começa assim o texto assinado por Mariana Correia Pinto, mas que se desenvolve no discurso direto de Rui Moreira que confessa: "O meu pai marcou-me muito, pela forma de estar e pela personalidade forte. Era claramente um homem antes do seu tempo. Até pelo nível cultural que tinha, que não era normal entre os industriais. E a minha avó materna também. Tinha um lado francês, viveu no país nos anos 20, traduzia Simone de Beauvoir, encontrava na livraria Tavares Martins os livros proibidos do Sartre", conta.

Mais à frente, o atual presidente da Câmara, que dentro de dias cumpre dois anos de mandato, lembra os tempos que viveu em Londres e que nem sempre foram fáceis. "Fui para lá em 74 e, um ano depois, o meu pai foi preso, a seguir ao 11 de Março. Subitamente os nossos bens foram congelados. O que tive de fazer durante algum tempo foi optar por ficar lá a estudar sem remessas. E, para isso, tive de trabalhar. Comecei por lavar pratos - dizia que era disk-jockey -, depois passei para o bar do restaurante, depois para ajudante de cozinheiro. Aprendi, à portuguesa".

Também a sua candidatura à Câmara do Porto foi alvo do texto que ilustra a fotografia, olhos nos olhos, de Manuel Roberto: "Percebi que queria apresentar a minha candidatura à Câmara Municipal do Porto uns três meses antes de o fazer. Houve um conjunto de pessoas que falaram comigo, que acharam que era preciso haver alguma proposta diferente para a cidade. Mas nunca sabemos quando decidimos. Não houve um clique. A primeira coisa que fiz foi avaliar as condições e tentar perceber se havia hipóteses de ganhar. Isso na altura foi mal entendido, as pessoas acharam que só concorria sabendo que ia ganhar. E não foi isso que disse."

O projeto "Porto Olhos nos Olhos" já fotografou inúmeras personalidades do Porto, onde se identificam os olhos de Paulo Cunha e Silva,vereador da cultura da Câmara do Porto, ou os de António Leitão da Silva, o comandante da Polícia Municipal do Porto, entre muitos outros. Descubra-os na página de Facebook que os acolhe.