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Saúde e história cruzam-se nas ruas do Porto antigo

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A Ribeira, o cordão sanitário e os lugares onde se deu apoio aos afetados pela peste bubónica que se abateu sobre o Porto há 120 anos são as referências dos percursos históricos que assinalam essa data, na próxima sexta-feira e no sábado, numa iniciativa do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (

INSA) com o apoio da Câmara do Porto.

Com partida da Casa do Infante e chegada ao Palácio da Bolsa, entre as às 15,30 e as 17 horas de sexta-feira, o percurso a pé "Lugares da Peste - da Ribeira ao cordão sanitário" é dirigido pela historiadora de arte e museóloga municipal Isabel Andrade Silva. A inspiração vem de 4 de julho de 1899, quando o médico Ricardo Jorge foi alertado, através de um bilhete de um negociante da Rua de São João, para uns estranhos falecimentos ocorridos na Rua da Fonte Taurina, números 88, 84 e 70. E este percurso vai identificar o lugar e as suas características no contexto da época.

Além disso, ainda naquele final do século XIX, mas cerca de dois meses depois, a Junta Consultiva de Saúde Pública, máxima autoridade sanitária, impôs à cidade do Porto um cordão sanitário controlado pelo Exército, que originou uma Reunião de Comerciantes e Homens de Negócios, no Palácio da Bolsa, onde o percurso terminará.

O outro trajeto intitula-se "Lugares de assistência aos empestados" e é feito de autocarro no sábado, entre as 10 e as 12 horas, igualmente sob a orientação de Isabel Andrade Silva e também da diretora do Museu do Centro Hospitalar Universitário do Porto, a museóloga Sónia Faria, que conduzirão os participantes entre o Hospital de Santo António e o Hospital de Joaquim Urbano.

Também neste caso a inspiração vem da História, recordando que os empestados da Rua da Fonte Taurina e de outros locais das Freguesias da Sé, S. Nicolau e Miragaia foram inicialmente internados no Hospital de Santo António. Posteriormente, seriam transferidos (de noite) para o Hospital de Nosso Senhor do Bonfim, o popular "Goelas de Pau" (hospital criado 15 anos antes para receber e isolar os doentes durante a epidemia de cólera - Hospital de Joaquim Urbano).

Perante as suspeitas de "moléstia tão exótica e remota", Ricardo Jorge lançou-se no estudo bacteriológico do material purulento recolhido dos doentes. E alguns dos objetos laboratoriais que refletem o estado da medicina naquela época podem agora ser encontrados no Museu do Hospital de Santo António.

A participação em qualquer destes percursos históricos é gratuita, mas limitada e sujeita a inscrição através de formulário online.