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Saiba como funciona o rastreio a todos os idosos internados em lares do Porto que ontem começou

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Miguel Nogueira

A Câmara do Porto lançou na semana passada um programa de rastreio completo a todos os lares da cidade, contando para isso com o apoio do Hospital de São João, a validação do Centro Hospitalar Universitário do Porto e que conta com trabalho de recolha dos dois agrupamentos de centros de saúde da cidade. As recolhas começaram ontem.

Trata-se do primeiro rastreio do género feito em Portugal, que não se fica pela operação de testar toda a população idosa institucionalizada, mas que inclui o seu acompanhamento posterior em centros propositadamente preparados pela autarquia para o efeito.

O primeiro desses centros é a Pousada da Juventude, que albergará cerca de uma centena de utentes, que venham a acusar negativo na análise e não tenham condições de isolamento de infetados nos seus lares de origem. A Câmara está no entanto a preparar outros dois centros que receberão, em segunda fase, e caso seja necessário, mais idosos. Assim se evitará qualquer impasse que venha a ser criado pela existência no mesmo lar de funcionários e ou utentes positivos e negativos no mesmo espaço, reduzindo assim o risco de contágio.

Por outro lado, a Câmara do Porto garante também, nestes espaços, a segregação das diversas populações para que a eventual existência de um contaminado que tenha escapado ao crivo do teste, não contamine os restantes.

Esta operação, lançada pelo Município e que conta também com diversos apoios oficiais e particulares, cumpre desta forma o preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que recomendou a todas as autoridades de saúde e agentes públicos envolvidos na luta à doença COVID-19, que "Isolar, Testar, Tratar e Localizar" todos os casos de coronavírus é a melhor resposta para diminuir a transmissão.

Foi tendo em conta estes dados que a Câmara do Porto apresentou na semana passada às autoridades de saúde um projeto de rastreio completo e sistemático de toda a população idosa a residir em lares e residências sénior, independentemente de serem do setor público, social ou particular. Simultaneamente, será testado todo o quadro de cuidadores dessas instituições.

Segundo foi entretanto anunciado, o programa estará a ser replicado noutros concelhos do país, onde também a população mais idosa será igualmente testada, depois de algumas hesitações da Direção Geral de Saúde (DGS) relativamente à necessidade de fazer testes maciços à população, como recomenda a OMS.

Além do teste sistemático a cerca de dois mil idosos, que já ontem se iniciou no Porto, o programa inclui uma série de ações mitigadoras e preventivas que importa implementar de imediato, pelo que o Município está a pedir a melhor colaboração dos lares e funcionários com as autoridades e profissionais de saúde. Pede-se, por isso para:

1.Facilitar a entrada das equipas de rastreio nas instalações a fim de recolherem amostras a todos os utentes e a todos os funcionários cuidadores que contactem por estes dias com os utentes;

2.Evitar, entre o período da recolha da amostra e o momento da comunicação dos resultados e da determinação de eventuais medidas mitigadoras, qualquer contacto dos utentes ou dos funcionários cuidadores com outras pessoas, segundo as instruções dos profissionais de saúde que procedem à recolha do material;

3.Colaborarem no transporte dos utentes não infetados (teste negativo) para uma das unidades de acolhimento devidamente preparadas pelo Município (o Município pode contribuir com ajuda de transporte adequado caso ela não exista);

4.Aceitem transferir os seus funcionários cuidadores que testem negativo para esses centros municipais onde deverão permanecer sem contacto com o exterior enquanto durar o confinamento e enquanto não estiver garantida a eventual desinfeção do lar de origem;

5.No caso de não serem detetados nem funcionários cuidadores nem utentes que testem positivos, aceitem permanecer no lar de origem, comprometendo-se a medidas de confinamento rígidas a fim de evitar infeções posteriores ao rastreio;

6.No caso de parte dos utentes testar positivo, que colaborem com as determinações impostas pelas autoridades de saúde, quanto ao encaminhamento para tratamento (hospitalar ou outro) ou permanência no lar, com o devido acompanhamento.

Este plano não acarreta qualquer custo para os utentes, funcionários ou para as instituições, nem é feita qualquer discriminação ou análise de outro foro (fiscal, legal, regulamentar) acerca do funcionamento do lar, uma vez que visa unicamente a proteção dos idosos e não qualquer inspeção ao espaço ou instituição. Não será partilhada qualquer informação ou dado com outras instituições ou organismo do Estado.

Os lares do Porto deverão esperar por isso pelo contacto das autoridades da sua área geográfica para agendar a data do rastreio e definir, caso a caso, a melhor estratégia a seguir em função dos resultados do rastreio.

A única razão pela qual a Câmara do Porto está a desenvolver este projeto é, no quadro do Estado de Emergência, proteger os idosos, os lares e os seus funcionários, encaminhando para tratamento quem precisa ser precocemente tratado e prevenindo a infeção daqueles que se encontram ainda a ela expostos e que podem ainda ser protegidos.

A Câmara do Porto mostra-se ainda satisfeita por ver o programa local desenhado no Porto pela autarquia em colaboração com os hospitais locais, replicado a nível nacional, chamando a atenção que não basta testar, mas é necessário encontrar soluções de retaguarda e apoio às instituições para que seja possível, com eficácia, isolar positivos e negativos, enviando para tratamento os primeiros e preservando de infeção os segundos.

OUTRAS INICIATIVAS

Entretanto, pela terceira semana funciona no Porto o primeiro centro de rastreio móvel criado em Portugal, instalado no Parque da Cidade, em parceria com a Unilabs e ARSN.

A Câmara do Porto tem estado na primeira linha de apoio aos hospitais públicos da cidade e além do envolvimento na montagem do primeiro centro de rastreio da doença Covid-19 no país, desenvolveu um projeto com uma empresa local para iniciar a produção de máscaras do tipo cirúrgico.

A Câmara do Porto foi também a primeira a adotar medidas de contingência internas e de encerramento de espaços de espetáculos e públicos em todo o país.