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Rui Moreira levou a Madrid a Feira do Livro do Porto

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Debates, sessões de palavra dita, cinema e uma exposição de arte contemporânea fazem parte do inovador programa da Feira do Livro do Porto, que acontece em setembro e que o presidente da Câmara apresentou hoje em Madrid, dando o primeiro passo para a internacionalização do certame.

Falando na abertura da Feira do Livro de Madrid, uma das maiores da Europa, Rui Moreira defendeu que "se, enquanto portugueses, quisermos divulgar a tradição da escrita lusófona, temos obrigatoriamente de falar dos autores do Porto e da importância da cidade para a cultura literária nacional, tanto no passado como no presente".

O autarca justificou, dessa forma, ter aceite o convite da Embaixada de Portugal para participar no evento da capital espanhola e ali apresentar, através de duas sessões especiais, "a obra de dois dos maiores escritores portugueses, ambos nascidos e criados no Porto: Sophia de Mello Breyner Andresen e Raul Brandão".

Aliás, a abertura oficial do evento, ocorrida ao final da tarde desta sexta-feira, foi seguida de uma sessão que assinalou os 150 anos do nascimento de Raul Brandão e na qual participaram o poeta Nuno Júdice e a ensaísta e investigadora Maria João Reynaud.

Na ocasião, foi também lançada uma edição especial em castelhano da obra-prima brandoniana "Húmus", que parte da edição castelhana traduzida por Ignasi Ribera i Rovira, de 1923, e que, em simultâneo, é "uma homenagem ao autor, à longevidade cultural da obra e à sua única edição espanhola".

Nova etapa da Feira portuense

Nesta assumida operação de promoção, Rui Moreira apontou que a Feira do Livro do Porto, com quase 90 anos, encontrou recentemente "uma existência renovada", ao passar a ser organizada pela autarquia, e "inicia agora uma nova etapa, levando mais longe a sua visibilidade internacional e reativando o nosso património literário mais precioso fora do país".

Por isso, "nada melhor do que começar essa viagem aqui em Madrid, cidade irmã, para a qual trouxemos um vasto conjunto de obras, onde se inserem os autores basilares da nossa cultura literária, mas também se incluem as melhores editoras portuguesas da atualidade, interlocutoras fundamentais do nosso pensamento contemporâneo".

O autarca fez mesmo um convite direto à população espanhola para visitar o Porto e a sua Feira do Livro, entre 1 e 17 de setembro, na qual será homenageada Sophia de Mello Breyner Andresen, a quem será dedicada também uma sessão no evento de Madrid no próximo dia 6, com Ana Luísa Amaral e Maria Andresen.

"Foi exatamente a partir da obra de Sophia e de um tema que temos vindo a explorar nos nossos programas de arte contemporânea em 2017 - a relação da humanidade com o planeta e os equilíbrios naturais - que desenvolvemos para a Feira deste ano um vasto programa cultural que incluirá cinema, exposições, música, debates e sessões de spoken word, estes últimos comissariados por José Eduardo Agualusa e Anabela Mota Ribeiro", revelou Rui Moreira.

Programa cultural com dimensão internacional

O presidente adiantou também que, neste ano, será dado um passo importante no programa cultural da Feira do Livro, imprimindo-lhe uma dimensão internacional com a presença de convidados fundamentais da literatura contemporânea, de diferentes geografias culturais: Han Kang, Teju Cole, Laurent Binet e Tatiana Levi.

A esses, juntar-se-ão autores portugueses cuja obra marca de forma indelével a nossa literatura, dentro e fora do país, tais como Ana Luísa Amaral, Gonçalo M. Tavares, Miguel Sousa Tavares, Frederico Lourenço, Tolentino Mendonça, entre muitos outros.

Para Rui Moreira, "a literatura é um dos espelhos mais fiéis da nossa sociedade e da nossa cultura. Ao mesmo tempo que promove o debate e a reflexão sobre o futuro, transforma-se num registo do que somos e fomos, torna-se consciência, memória e legado".

Por isso, o presidente da Câmara evocou as afinidades ibéricas para envolver ainda mais o público espanhol no evento do Porto, considerando que "as culturas de Portugal e de Espanha, sendo herdeiras da mesma tradição e partilhando matrizes comuns, devem ser mutuamente conhecidas e partilhadas, para se poderem compreender e dar a conhecer a nível nacional e internacional".

Da programação da Feira do Livro do Porto 2017 sobressaem oito debates, quatro sessões de spoken word, cinco lições, duas sessões especiais, sete exibições de cinema e a inauguração da exposição de arte contemporânea "Quatro Elementos" que, respeitando um tema transversal à obra de Sophia de Mello Breyner Andresen, alia um curador a cada Elemento: Pedro Faro/Fogo; Eduarda Neves/Terra; Nuno Faria/Ar; Ana Luísa Amaral/Água.

Para Rui Moreira, "cruzamos assim diversas expressões da Cultura com a Leitura e o universo literário da autora homenageada, sem esquecermos as artes visuais", o que leva o autarca a citar um tema maior na obra de Sophia, para quem "A terra o sol o vento e o mar / São minha biografia e são meu rosto".