Sociedade

Rui Moreira dirige-se a autor de e-mails anónimos que o tem atacado

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As caixas de correio da maioria dos funcionários da Câmara do Porto foram na semana passada inundadas por centenas ou milhares e-mails, oriundos de um endereço de gmail sem nome próprio. Os emails estavam, ainda assim, assinados por um "Manuel", que acusava o presidente da Câmara de não ser independente bem como vereadores e funcionários da autarquia.

Segundo os avisos que têm chegado à Câmara do Porto através de vários munícipes, o referido e-mail (que não é o primeiro) tem chegado a caixas de correio de toda a cidade nas últimas semanas. A mensagem é sempre enviada para o endereço de uma Câmara Municipal que não a do Porto e distribuído, depois, em BCC a milhares de munícipes.

Este comportamento indicia a existência de poderosas máquinas de envio de e-mails que fintam os servidores e evitam que as mensagens sejam classificadas como SPAM. A prática, que não é legal em campanhas eleitorais em Portugal, foi usada nos EUA na recente campanha eleitoral. Tratam-se máquinas robotizadas que conseguem não apenas enviar e-mails em massa mas também inventar perfis falsos em redes sociais, como o Twitter, e comentar automaticamente.

Rui Moreira, na sua crónica semanal num jornal diário, mas também na sua página de Facebook, dirige-se hoje ironicamente ao suposto autor, defendendo os funcionários da autarquia e convidando o "Manuel" a assumir-se e a dar a cara.

O Porto.pt reproduz o texto hoje publicado por Rui Moreira, intitulado "Os E-mails dos Maneis"


«Caro Manuel

Recebi o seu e-mail 73 vezes nas últimas semanas. E, lá pela Câmara, quase todos os funcionários que me ajudam a tratar da cidade, também o receberam, cada um deles, várias vezes. Pela amostra que os meus amigos me fazem chegar, toda a gente no Porto está farta de receber o seu e-mail, várias vezes.

Como tenho a certeza que não será capaz de ler todas as respostas que lhe dão, não me resta senão usar esta página para o avisar de que a máquina que está a usar para endereçar estes milhares de e-mails, está avariada e os repete indefinidamente.

Aviso-o porque ouvi dizer que essas máquinas, que são capazes de enviar mensagens de e-mail em massa e que, dizem, Donald Trump usou na sua campanha negra, são caras. E a sua está avariada. Peça o dinheiro de volta, pois imagino que os seus gastos comecem a ser elevados, com e-mails, páginas de Facebook anónimas mas patrocinadas e investigações patéticas.

Na verdade, caro Manuel, sempre o ignorei. Mas este seu último e-mail deixou-me intrigado. Acusa-me, não de crimes horrorosos, como já tinha feito outro Manuel num outro e-mail mais selectivo, mas de não ser independente. Para o provar, sustenta que trabalho com gente do PSD, do PS, do CDS e até de outros quadrantes e origens.

Pois, caro Manuel, quero apenas evitar que gaste tanto dinheiro nessa campanha. É que eu próprio a farei. Aliás, já fiz. Sempre disse que, neste Porto, cabem todos. E, como não pergunto a ninguém se tem ou não cartão partidário e não excluo nem incluo ninguém pela sua cor política, raça, credo ou género, acabo, como independente, por ter o privilégio de trabalhar com todos.
Também não faço saneamentos políticos. Não expulsei de lugares de chefia na Câmara gente competente, apenas por ter sido nomeada pelo meu antecessor ou porque o chefe da banda que o manda a si tocar este instrumento, não gosta.

Caro Manuel. Bem sei que, por aí, onde lhe pagam o salário, sabe-se lá com que dinheiro, as eleições no Porto são uma chatice. Já o foram em 2013. Mas, quanto a isso, não o posso ajudar.

Esta cidade é diferente das outras. Foge aos cânones políticos e sociais, finta as sondagens que eu não mando fazer e escolhe, de forma livre, quem quer que a governe. Por isso, caro Manuel, aceite um conselho: saia do armário. Assuma-se. Ninguém lhe fará mal.»