Sociedade

Rui Moreira desafia o Governo

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O presidente da Câmara do Porto desafiou hoje o Governo a fazer valer a sua posição de sócio e a dar
ordens à TAP para manter as ligações internacionais que a transportadora
anunciou querer suspender partir do aeroporto Francisco Sá Carneiro.


"O aeroporto do Porto não tem sido um 'hub' da TAP. O Governo
disse que a razão fundamental de reassumir 50% da TAP é para que haja um 'hub'
no Porto. Para isso, é preciso um sinal, dando ordens à administração da TAP
para que não sejam interrompidas as ligações a Roma, Milão (Itália), Bruxelas
(Bélgica) e Barcelona (Espanha), ou o voo noturno de Gatwick (Londres,
Inglaterra)"
, afirmou Rui Moreira em conferência de imprensa esta manhã.


"Se o Estado detém 50% da TAP, então a companhia deve prestar um
serviço público"
e que "o serviço público deve ser prestado em todo o
território"
, lembrando os dados divulgados esta manhã pelo Portal de Notícias da Câmara do Porto, segundo os quais a companhia perdeu metade da quota de
mercado em seis anos no Porto, mantendo-a em Lisboa.


O Primeiro-Ministro, António Costa, disse no sábado que o acordo
para a reversão da privatização da TAP deixa o Governo com margem para intervir
sobre a manutenção de uma base no Porto e na definição de rotas estratégicas.


Além da manutenção dos voos de médio curso, Rui Moreira deixou
ainda um pedido a António Costa e à TAP: "já agora acabem com essa brincadeira
dos voos para a Galiza"
, considerando que tal rota servirá apenas para drenar
tráfego para o aeroporto da capital, subtraindo-o ao Porto.


Durante a conferência de imprensa, o autarca recordou que anda
a "falar sobre isto há dez anos" e citou o relatório e contas consolidado da
TAP para demonstrar que a companhia já não encara o Porto como um "hub". No
documento lê-se: "No eixo de consolidação do crescimento da Companhia e aumento
do foco no hub, será desenvolvido um esforço de crescimento contínuo da rede e
de aumento do foco nas operações do hub de Lisboa e da sua contínua melhoria.
No âmbito do crescimento da rede, a TAP ambiciona consolidar e robustecer a sua
posição nos mercados em que atualmente opera e ambiciona definir e crescer em
mercados de elevado potencial e nos quais tem tido uma presença inferior. No
âmbito do aumento do foco no hub, a TAP continuará a otimizar e fazer crescer
as suas operações no hub de Lisboa, e continuará também a desenvolver o seu
papel nos outros aeroportos em Portugal a partir dos quais opera, tais como
Faro, Porto e Funchal."


Sobre o papel nacional da TAP, que agora ficará com 50% de
capital do Estado, Rui Moreira lembrou também que a companhia tem vindo a
abandonar outros aeroportos, como o de Faro, onde possuía no último trimestre
de 2015 apenas 4% do mercado, e Ponta Delgada, onde só já tem 7%.


Acerca da alegada falta de rentabilidade dos voos que a TAP
pretende descontinuar a partir do Porto, Rui Moreira falou em gestão: "se a TAP
não consegue rentabilizar voos que andam cheios ou tem um problema de gestão ou
de preço. Não me parece que companhias como a Lufthansa, que acaba de anuncia
um voo direto para Munique o faça para perder dinheiro"
, sublinhou.


A conferência de imprensa foi transmitida por diversas estações de televisão nacionais e uma brasileira.