Política

Rui Moreira dá extensa entrevista à rádio de Macau

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O presidente da Câmara do Porto foi convidado pela principal rádio de Macau para uma entrevista em que falou sobre as áreas em que, nos últimos anos, o Porto e as cidades de Shenzhen e de Macau têm estreitado relações: smartcities (cidades inteligentes), cultura, turismo e relações económicas. De fora, não ficaram também temas como a descentralização e a regionalização. Pode ouvi-la na íntegra online.

Cinco anos depois, Rui Moreira regressou à TDM - Teledifusão de Macau para uma grande entrevista, de uma hora, no âmbito da visita oficial à China a convite do Governo de Macau. Na conversa, o presidente da Câmara do Porto falou sobre o importante papel da cultura na aproximação entre as duas cidades e recordou que o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura de Macau, Alexis Tam, visitou o Porto, há poucos meses, para estreitarem cooperação nesse sentido.

Mas não só. O intercâmbio de estudantes universitários tem-se intensificado e o turismo tem sido uma importante aposta, pelo poder de compra e pelas estadias mais prolongadas associadas, tanto no Porto como na Região Norte. Também ao nível dos negócios e das exportações portuguesas, o mercado de Macau é extremamente relevante, considerou o autarca, salientando que a qualidade dos produtos e a sua produção em pequena escala, faz com que sejam considerados na China "produtos de luxo".

Para que estas vertentes - que têm vindo a ser trabalhadas com Macau e Shenzhen, as duas cidades do sudeste da China geminadas com o Porto - possam ser mais potenciadas, Rui Moreira considera que falta ainda uma ligação área direta, nomeadamente entre Porto e Shenzhen, cidade com mais de 20 milhões de habitantes, onde de resto iniciou o roteiro da sua visita oficial. "Seria o ideal", até porque o Aeroporto do Porto beneficia do "interland" da Região da Galiza, observou. No entanto, essa operacionalização exige um compromisso a longo prazo que, por ora, é colmatado com a nova aposta da Emirates, através de um voo a partir do Porto que apenas faz escala no Dubai, informou.

Já sobre a relação com Shenzhen, Rui Moreira avançou que, no âmbito da "colaboração intensa na área das smartcities", uma grande delegação de Shenzhen visitará o Porto em dezembro. A intensificação da cooperação entre as duas cidades tem, de resto, dado significativos passos neste domínio. Aliás, disse o autarca, a cidade do Porto tem hoje capacidade de se transformar num hub tecnológico e, nessa medida, estão a ser estudados benefícios fiscais para a instalação de empresas que operam nestas áreas. Também por isso, Rui Moreira esteve em Shenzhen nos primeiros dias da sua visitapara aprofundar o relacionamento que as duas cidades têm mantido desde há cinco anos, altura em que foi assinado o primeiro protocolo de cooperação entre os seus presidentes.

Considerada, pois, uma das cidades mais tecnológicas e sustentáveis do mundo, interessa ao Porto aprender com Shenzhen mais sobre a gestão inteligente das cidades, sobretudo na área dos transportes. Nesse sentido, a agenda da visita, o presidente da Câmara do Porto foi recebido pela Shenzhen Bus Group, operadora de transportes públicos daquela cidade, e ainda visitou a maior feira de tecnologia daquele país asiático.

Macau quis saber como está o Porto

Numa conversa em que se falou do esvaziamento do Centro Histórico do Porto ao longo das últimas décadas e da nova vida que agora ressurge numa cidade "onde todos querem viver" - que naturalmente cria constrangimentos ao nível da habitação disponível e da mobilidade - Rui Moreira destacou o papel fundamental do turismo e da reabilitação urbana neste processo.

Salientou ainda que é prioridade do seu Executivo a sustentabilidade da cidade e a criação de mais espaços verdes, como de resto tem vindo a ser feito com a duplicação do Parque Oriental ou a construção do Parque da Asprela, no próximo ano.

Mas também quis saber como está o país

O tempo estendeu-se o suficiente para Rui Moreira ser desafiado a comentar o processo de descentralização e a regionalização. No primeiro domínio, deu como o exemplo do processo de intermunicipalização da STCP que não vem, até ao momento, acompanhado "do cheque respetivo". Mas sendo esta uma área de extrema relevância para a cidade, o autarca está disposto a investir, com o orçamento da própria Câmara, na melhoria da qualidade do serviço, o que passa pela renovação da frota e pelo alargamento da oferta.

Confrontado com o "fantasma de mais cargos políticos" caso o país seja dividido em regiões, o presidente da Câmara do Porto diz não entender esse argumento, até porque o Governo recentemente empossado é "o maior de sempre". Mas se for esse o caso, "numa primeira fase, poderá ser eleito um presidente por sufrágio direto universal", por cada Região, acompanhado por uma Comissão Instaladora, propôs.