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Rui Moreira critica a TAP por não ter uma estratégia para o Aeroporto do Porto

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Porto.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, afirmou esta manhã, em declarações à TSF, que fica surpreendido por a TAP continuar a voar muito pouco para o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, acusando a operadora nacional de não ter uma estratégia a Norte, apesar de outras companhias de bandeira internacionais reconhecerem no hub do Porto um ativo estratégico. Segundo os dados mais recentes do Boletim Estatístico Trimestral da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), apenas um em cada 20 passageiros no Aeroporto do Porto viaja pela TAP.

Esta é a parte surpreendente do relatório da ANAC, reportado aos meses de abril a junho. Se Rui Moreira refere não ter ficado admirado com o facto de o documento vir confirmar a perda generalizada de mercado por parte da TAP desde a retoma das operações aéreas de passageiros, considerando a crise que toda a aviação comercial atravessa, a mesma bonomia não concede à estratégia - ou melhor dizendo, à falta dela - que a companhia de bandeira nacional tem adotado para o Aeroporto do Porto, desde que se tornou maioritariamente pública.

"A partir do momento em que passa a ser uma empresa subsidiada por todos nós, é necessário e é fundamental que o novo Conselho de Administração olhe para a TAP já como uma empresa estratégica, como é por exemplo a CP", assinalou esta manhã o autarca à jornalista da TSF Maria Augusta Casaca (pode ouvir AQUI as declarações na íntegra).

Caso a TAP continuasse a ser uma empresa detida maioritariamente por privados, "em que apesar de tudo o Estado Português tinha uma posição", o presidente da Câmara do Porto diz até aceitar que, nesse cenário, "era natural que a sua gestão se adequasse àquilo que são os parâmetros que [a companhia] entende ser um bom ou mau negócio".

No entanto, sendo agora o Estado acionista maioritário da companhia aérea, o caso muda de figura. "Ninguém aceitaria que a CP, durante os meses da pandemia, não tivesse oferecido serviços ao Porto. Portanto, se a TAP passa a ser uma empresa pública passa a ter essas obrigações, ou então mais vale ser uma empresa privada, e aí naturalmente os seus acionistas e os seus gestores devem fazer as escolhas que quiserem", diz Rui Moreira.

Operação no Aeroporto do Porto francamente superior à do Aeroporto de Lisboa

De acordo com o presidente da Câmara do Porto, o "mais preocupante" é verificar que, neste momento, há uma discrepância significativa na capacidade de operação dos aeroportos do Porto e Lisboa.

"O load factor dos aviões, ou seja, a capacidade dos aviões que saem e chegam ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro anda próximo dos 70%". No entanto, os dados que chegam do Aeroporto da Portela, são menos expressivos. "Em Lisboa está ainda bastante abaixo, está em cerca de 45% ou 46%, e a verdade é que nós não vemos aumento de frequência dos voos da TAP", confronta.

"Não nos causa grande perturbação, na medida em que outras companhias aéreas têm ocupado esse espaço, nomeadamente a KLM e a Lufthansa, como outras empresas de bandeira, ou a Transavia. Portanto, nós temos conseguido, apesar de tudo, manter as ligações aéreas ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro", continua.

Surpreendente, sim, é o desinvestimento no Aeroporto do Porto vir de "uma companhia que está neste momento num processo de nacionalização e em que o Estado está a envolver milhões de euros do erário público", remata Rui Moreira.

Conclusões do último relatório trimestral

A quota de mercado da transportadora portuguesa no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no que diz respeito a passageiros movimentados a partir da Invicta, caiu para 5%, o que a coloca no oitavo lugar entre as companhias aéreas. Entre abril e junho, a TAP foi superada por sete companhias: Swiss Air (22% de quota de mercado), Ryanair (19%), Lufthansa (12%), Luxair (10%), Air France (9%), Transavia (8%) e Easyjet (6%).

É uma queda abrupta relativamente ao primeiro trimestre de 2020, quando a TAP era a segunda companhia com maior quota de mercado no Aeroporto do Porto, responsável por 19% dos passageiros.

A diferença é ainda maior se analisado o número de movimentos. Entre abril e junho a TAP foi a oitava companhia segundo esse critério, com uma quota de mercado de 3%. No primeiro trimestre era a segunda, responsável por 27% dos movimentos no Aeroporto Francisco Sá Carneiro.

A comparação com o período homólogo em 2019 também deixa à vista o desinvestimento da TAP no Aeroporto do Porto. A transportadora portuguesa era a segunda companhia tanto em número de movimentos como em número de passageiros no segundo trimestre do ano transato.

A ANAC destaca ainda que o segundo trimestre de 2020 foi marcado pelos efeitos da pandemia, que provocou uma redução acentuada das ligações aéreas: "No período em análise, em Portugal, registaram-se quebra de tráfego na ordem dos 91% em número de movimentos e de 97,5% em número de passageiros transportados", pode ler-se no Boletim Estatístico Trimestral.