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Rui Moreira afirma que estratégia de construção da CREP custou 300 milhões e falhou devido às portagens

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Filipa Brito

Não é a primeira vez que o presidente da Câmara do Porto
alerta para a distorção, mas agora explicou-o num artigo publicado num jornal diário

onde escreve todas as semanas. Rui Moreira quer que a CREP - Circular Regional
Exterior do Porto deixe de ser portajada, para aliviar a VCI, onde o
trânsito de passagem continua a aumentar e a criar problema ambientais e de
circulação, não apenas no Porto mais nos concelhos limítrofes.


No texto, intitulado "Remar contra a maré", Rui Moreira
revela alguns número, chamando a atenção para o facto de "alguns nós da Via de
Cintura Interna (VCI), no Porto, registam um tráfego superior a 250 mil
veículos por dia, calculando-se que perto de 200 mil que ali circulam não se
destinam à cidade do Porto. Estes dados fazem daquela via a que tem maior
densidade de trânsito em todo o país".


Para o autarca, "os efeitos destes números colocam ao Porto
vários desafios. Desde logo, desafios ambientais, dada a pressão de emissões
poluentes e de ruído que representam. Mas também de mobilidade, uma vez que as
demoras provocadas pelos constrangimentos de trânsito na VCI contaminam toda a
cidade. Ainda esta semana, um acidente com um pesado que simplesmente
atravessava a cidade provocou consequências no Porto, em Vila Nova de Gaia e em
Matosinhos.", escreve.


Rui Moreira explica que o problema, identificado há pelo
menos duas décadas, levou à construção da chamada Circular Regional Exterior do
Porto (CREP), que supostamente deveria absorver muito do trânsito de passagem
em direção ao Norte e a Este, sem que precisasse entrar na VCI. Mas, para o
presidente da autarquia portuense, essa estratégia, "que custou mais de 300
milhões de euros ao erário público, falhou catastroficamente, quando ficou
decidido portajar a CREP, condenando--a a ser um enorme deserto de asfalto.
Livre de portagem, a VCI continuará a acumular o trânsito de passagem de
ligeiros, que alimentam uma região suburbana em expansão e uma cidade do Porto
cada vez mais vibrante e atraente, mas também os pesados que se dirigem a Norte
e servem o Porto de mar e o aeroporto".

O QUE A CÂMARA ESTÁ A FAZER PARA MINIMIZAR PROBLEMA


No artigo, explica também o que a Câmara está a fazer para
mitigar o problema. "O Porto e a Infraestruturas de Portugal estão a fazer um esforço de plantação de bosques junto dos nós da VCI para mitigar a enorme
pegada ecológica. O estado e as autarquias, entre as quais a do Porto,
preparam-se para investir no transporte público, através da construção de mais
quilómetros de Metro e através da aquisição de uma nova frota da STCP mais
ecológica. São medidas inteligentes e que permitirão melhorar o ambiente e a
mobilidade. Mas serão pouco mais do que inglórias se a VCI continuar a servir
como principal eixo rodoviário de passagem do Norte".


Finalmente, Rui Moreira diz que estas medidas não são,
contudo, suficientes desafiando o Estado a fazer mudanças: "Se a lógica de
cobrança de portagem na CREP não se inverter, será difícil melhorar de forma
decisiva o ambiente e a mobilidade no Porto e na Área Metropolitana. Essa
decisão, que só pode ser tomada pelo Estado, pode implicar complexas
negociações, mas caso não venha a ser tomada, as autarquias implicadas
continuarão a sentir que pouco mais poderão fazer do que remar contra a maré".