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Processo de Camilo e Ana Plácido é reaberto 158 anos depois no Museu Judiciário

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Um dos mais célebres casos de adultério, que afinal não o foi, é analisado por especialistas e populares na sessão deste sábado de Um Objeto e seus Discursos por Semana, que tem lugar pelas 18 horas no Museu Judiciário do Tribunal da Relação do Porto.

Frente ao Tribunal, no Campo dos Mártires da Pátria, a antiga Cadeia da Relação foi o local onde o escritor Camilo Castelo Branco esteve preso à conta do processo por adultério com Ana Plácido. Foi nesse período de 1861 que escreveu "Amor de Perdição", razão por que o nome foi dado ao largo frente à cadeia.

Ora, se ainda hoje se toma esse caso como um dos adultérios mais célebres da História, o facto é que não houve adultério, como determinaria o tribunal. Com efeito, "Resposta do júri aos quesitos: O crime de que o réu Camilo Castelo Branco é acusado no Libelo do Ministério Público e da parte acusadora, de ter cometido adultério com a co-ré D. Ana Augusta Plácido, casada com Manuel Pinheiro Alves, está ou não provado? Não está provado, por maioria. A circunstância atenuante do seu bom comportamento anterior, está ou não provado? Está provado por maioria. Sentença: Em vista da decisão do júri, julgo não provado o crime de adultério de que era acusado Camilo Castelo Branco o absolvo da culpa, dando-se baixa nele, e passando o seu mandado de soltura, e pague o A. as custas do processo. Porto, 16 de outubro de 1861".

Assim termina o atribulado processo judicial por "cópula com mulher casada", um dos mais conhecidos - e como, se vê, mal conhecidos - episódios da vida de Camilo Castelo Branco (1825-1890), romancista maior, mas também poeta, cronista, crítico, dramaturgo e tradutor.

Os termos processuais que o levaram à Cadeia da Relação (onde esteve preso um ano e 16 dias e Ana Plácido um pouco mais) são então o tema do debate deste sábado entre o escritor Carlos Querido e um historiador de arte familiar de Camilo, Manuel Morais Sarmento Pizarro, na semana em que se assinalam 158 anos desta absolvição. O local escolhido - o Museu Judiciário - é tanto mais indicado quanto o processo se encontra incluído no seu espólio.

A participação é gratuita, mas limitada a 100 lugares, pelo que é recomendável reservar antecipadamente bilhetes (no máximo de dois por pessoa) em www. bol.pt ou nos locais habituais.

Mais informações através do email patrimoniocultural@cm-porto.pt, do telefone 223 393 480 ou do site www.umobjetoeseusdiscursos.com.