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Presidente da República condecora Souto de Moura na Câmara do Porto

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O arquiteto Eduardo Souto de Moura foi agraciado esta tarde por Marcelo Rebelo de Sousa com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública. A cerimónia decorreu na Câmara do Porto, tendo sido esta a primeira vez que o Presidente da República atribuiu uma condecoração a título singular, fora do Palácio de Belém.

As primeiras palavras do Chefe de Estado foram dirigidas ao presidente da Câmara do Porto "e a esta grande urbe", em forma de agradecimento pela disponibilidade do Município para acolher a homenagem ao arquiteto portuense, Eduardo Souto de Moura.

"Muito obrigado pela honra que nos dá pelo facto de poder ser aqui que se processa a homenagem a alguém que vive no Porto, que se identifica com o Porto e que, por ser do Porto e se identificar com o Porto, é nacional e mundial", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Ao segundo Pritzker português depois do também portuense Siza Vieira, o Presidente da República elogiou "o humanismo e a intemporalidade da obra", tal como o fez o júri do Prémio Arnold W. Brunner 2019, da Academia Americana de Artes e Letras, referindo-se a alguns dos seus projetos mais notáveis, como o Estádio Municipal de Braga ou a Casa das Histórias Paula Rego.
Mas também enalteceu a "vontade desassossegada" de um arquiteto amante da literatura, que "tem confessado que o seu livro de cabeceira é o 'Livro do Desassossego' ", sendo precisamente desta particularidade que, na interpretação do Presidente da República, deriva "a expressão intrigante de um sentimento de inevitabilidade", a que aludiu júri do Prémio Arnold W. Brunner. 

"Definindo-se como arquiteto pragmático, como homem da maratona, Souto de Moura assumiu sempre um historial de solidez, que vem desde logo de uma genealogia bem estabelecida: as aulas de Fernando Távora, a Escola do Porto e depois a proximidade com Siza Vieira, mesmo que estes dois notáveis portuenses tenham abordagens diferentes, de origem geracional umas e de método outras", considerou o Chefe de Estado.

Como sublinhou ainda Marcelo Rebelo de Sousa, "no processo que vai do esboço à obra edificada, de uma obra em determinado contexto a outra com coordenadas diversas, nesse processo ninguém dúvida da vontade criadora e desassossegada de Souto de Moura, a vontade de evoluir, de saltar, de progredir, mesmo que não abandonando nunca certas linhas elegantes e diretas dos modernistas e daqueles que vieram depois deles".

Numa Sala D. Maria repleta de familiares e amigos do arquiteto, e em que também marcaram presença, além do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, o presidente da Assembleia Municipal, Miguel Pereira Leite, e o Executivo Municipal, o protocolo quebrou-se, tal como fez questão de justificar o Presidente da República, devido "à excecionalidade" da condecoração.

Souto de Moura agradeceu, em breves palavras, a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública e a disponibilidade de Marcelo Rebelo de Sousa para vir ao Porto para esta homenagem, deixando ainda uma palavra de reconhecimento a Rui Moreira por ceder "as magnificas instalações" da Câmara do Porto para a cerimónia. Já o prémio, dedicou-o "aos jovens arquitetos e futuros arquitetos que precisam de grande apoio", rematou.