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Presidente da Câmara diz que a descentralização obriga primeiro a um forte investimento do Estado

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Rui Moreira foi ontem convidado num jantar-debate promovido pela Associação Cívica, Porto, o Nosso Movimento, sob o tema "Descentralização e Coesão Territorial", em que também participaram como oradores António Lobo Xavier e Jorge Coelho. Na sua intervenção, abordou o caso Infarmed e o centralismo que bloqueia qualquer tentativa descentralizadora. "O país é um incómodo para Lisboa" e enquanto não houver uma verdadeira reforma política, investida pelo Estado, tudo continuará na mesma, concluiu o presidente da Câmara do Porto.

Num país de brandos costumes, em que o maior perigo à espreita, segundo Valente de Oliveira, é o "indiferentismo", o presidente da Câmara do Porto diz duvidar que uma mudança estrutural no sistema aconteça a não ser que o Estado central sobreponha o interesse nacional aos interesses instalados na capital.

Para o país evoluir para lá de Lisboa, o grande passo deve ser dado, em primeiro lugar, pelo Estado, que, defende o autarca, tem de investir no interior para mitigar as desigualdades económicas e contribuir para a coesão territorial.

No caso Infarmed, Rui Moreira que, poucas horas antes, disse ter a certeza de que o organismo do Estado "nunca vai sair de Lisboa", voltou a comentar o assunto, convidando a plateia a imaginar o que seria se o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, tivesse chegado ao Parlamento anunciando a transferência do Infarmed para a Invicta. "Imaginem o contrário. Imaginem que o ministro da Saúde tinha voltado a dizer que o Infarmed vinha para o Porto. A esta hora tínhamos jornalistas ali fora a perguntar pelos trabalhadores e gente acorrentada ao Infarmed em Lisboa", satirizou.

E, voltando-se para Jorge Coelho, ex-ministro do PS e fundador do Movimento pelo Interior, desafiou: "Se conseguir que o Infarmed saia de Lisboa, o que eu duvido, eu defendo que deve ir para Mangualde".

Concordando com Rui Moreira, o socialista observou que "na região de Lisboa existe um centralismo quase doentio". Referindo-se em concreto ao Infarmed, considerou que "o facto de haver trabalhadores que têm interesses, não pode sobrepor-se ao interesse nacional".

Igualmente acutilante, António Lobo Xavier afirmou que "o centralismo existe para além das razões corporativas", e que a ideia de obtenção de um maior número de votos numa determinada região, conduz à tomada de decisões discricionárias.

À pergunta "que Portugal defende hoje?" de Miguel Pereira Leite, presidente da Assembleia Municipal do Porto, moderador do debate, o advogado militante do CDS referiu que "é fundamental quebrar o fosso entre o litoral e o interior. E só pode ser o Estado a fazer isso", posição também defendida por Rui Moreira.