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Portugal e o Porto mostram na QSP Summit como estão a gerir o desafio do turismo

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O turismo vai continuar a crescer com políticas públicas e privadas acertadas, sendo que a marca Portugal e a marca Porto são sustentáveis. Este foi um dos registos da intervenção do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, no worklab sobre "Turismo: ameaça ou oportunidade", integrado na QSP Summit 2018. O evento, uma das mais relevantes conferências de Marketing e Gestão da Europa, decorreu hoje na Exponor, com líderes de topo que marcam a agenda internacional nestes domínios.

"O Desafio" foi o tema da conferência, a que respondeu Rui Moreira. No worklab - com moderação do jornalista da SIC João Adelino Faria e a participação de Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal - o autarca começou por salientar que o turismo em Portugal tem crescido de forma acelerada mas sustentada, não resultando de uma "bolha ou de uma Primavera Árabe". Reforçou mesmo que o turismo vai continuar a crescer com políticas públicas e privadas acertadas.

Quando indagado sobre se o recente booming do turismo no país e no Porto não seria "uma moda", Rui Moreira concedeu que "é uma moda, mas sustentada". Como disse, tudo depende da atribuição à marca Portugal e marca Porto dos "fatores de sustentabilidade e de sustentação adequados".

Por seu lado, Luís Araújo destacou que "não existe aqui grande discordância nas opiniões e que, mais do que uma moda, o turismo é uma questão de estilo". O presidente do Turismo de Portugal acrescentou ainda que "tem sido realizado um trabalho longo de promoção, com mais de 33 mil títulos a serem publicados sobre o turismo em Portugal, na imprensa nacional e estrangeira em 2017".

Questionado sobre qual seria o limite para o número de turistas que a cidade do Porto poderia receber, Rui Moreira começou por enfatizar que a receita per capita está a crescer, mas que o importante é "pensar para onde virar as estratégias". "As pessoas vêm cá pela originalidade, pelas marcas distintivas. Devemos perceber o que é positivo para nós, o que queremos para o desenvolvimento das nossas cidades e regiões, da nossa economia". Assumindo esse domínio, ressalvou, "estamos a manter a originalidade. E fazendo isso saberemos crescer mais sem adulterar aquilo que somos".

Frisando que é sempre possível "fazer mais e melhor", o autarca considerou que não se deve "encapsular a cidade" e ignorar "o apport que o turismo nos traz. Não podemos esquecer que a regeneração das cidades começou com o turismo e que foi também através do turismo que começámos a combater o desemprego não qualificado de longa duração, conseguindo mesmo criar uma nova forma de empreendedorismo".

João Adelino Faria lançou para o debate a questão da turismofobia. Rui Moreira afirmou que em Portugal ainda não estamos a lidar com esse fenómeno, pois há estatísticas que mostram que um dos fatores do impacto positivo do turismo é, precisamente, a simpatia dos portugueses. "Mas precisamos de ter a certeza que o impacto positivo do turismo chega a um maior número de cidadãos e que o impacto negativo é disperso e não concentrado numa determinada camada da população ou zona da cidade", realçou.

A pegada turística, em especial na mobilidade e na limpeza da cidade, assim como o impacto na procura imobiliária e o consequente impacto nos preços foram outras questões debatidas.

"Há cerca de um ano começámos a regular o transporte turístico na cidade (hop on-hop off). Lisboa, aliás, seguiu o nosso exemplo. O que fizemos foi regular o circuito turístico", com alívio dos arruamentos residenciais", referiu a propósito Rui Moreira. Em relação à taxa turística, a opção foi compensar os cidadãos de forma equitativa. O dinheiro proveniente da taxa alimenta a receita municipal, "o que nos permite, por exemplo, ter a água mais barata da área metropolitana" - rematou o presidente da Câmara do Porto.

Oradores de topo na QSP Summit

Daniel Goleman, considerado o grande impulsionador do conceito de "inteligência emocional", foi o orador principal da conferência. O conhecido psicólogo, no seu registo inspirador, realçou a importância da empatia com os funcionários, a resolução pacífica de conflitos, e a necessidade de realmente saber-se ouvir os colaboradores da empresa.

Estudos recentes, citados por Goleman, demonstram que "o desempenho melhora quanto maior é a inteligência emocional e a harmonia da equipa".

A 12.ª edição da QSP Summmit contou ainda com palestras de Rob Goffee, professor emérito de comportamento organizacional na London Business School, que afirmou a importância de uma liderança "genuína". Steve Knight, professor de desenvolvimento pessoal do INSEAD Business School (Austrália), proferiu uma palestra sobre a importância da voz na maximização do impacto perante uma audiência. Foram também oradores Bonin Bough, apresentador na NBC e autor do TXT Me, um dos mais reconhecidos "mobile marketeers", e ainda Tamara McCleary, consultora de empresas nos EUA, entre as quais a Amazon e principal impulsionadora dos conceitos de marketing e tecnologia.

Com casa cheia, todos os bilhetes esgotados, a edição 2018 da QSP Summit mostrou que "O Desafio" foi superado. Nos próximos cinco anos, a conferência continuará a marcar encontro na Exponor.