Cultura

Porto Design Biennale com programação vibrante

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Exposições, ciclos de debate, uma conferência internacional, Itália como país convidado, instalações no espaço público com objetos de soft e hard design, ligação ao meio académico e à indústria, envolvimento de diversas entidades numa programação satélite, performances, e um prémio para distinguir designers nacionais. Desta multiplicidade de ações e iniciativas nasce o alinhamento da programação da 1.ª edição da PDB - Porto Design Biennale. 

A um ano do arranque da Porto Design Biennale, projeto que parte da iniciativa dos municípios do Porto e de Matosinhos, com organização da esad-idea, Investigação em Design e Arte, foi esta manhã levantado o véu da programa oficial que, embora ainda esteja em permanente atualização, conta já uma série de propostas e eventos-âncora.

Foi precisamente sobre essa estrutura nuclear que falou hoje José Bártolo, curador geral da bienal, acompanhado por Luísa Salgueiro e Rui Moreira, em conferência de imprensa realizada na sede da PDB'19, no espaço esad-idea, em Matosinhos.

A PDB'19 terá como tema "Post Millennium Tension" ["Tensões Pós-Milénio"], sendo objetivo da organização "propor uma reflexão sobre transformações emergentes que marcam o novo milénio e o lugar do design perante um quadro de mudança". Dentro deste tema, haverá três núcleos: "Present Tense", "Design and Democracy" e "Design Forum".

No primeiro núcleo, integra-se a exposição, denominada "Millenials - New Millenium Design", procurará refletir-se o "processo criativo, as motivações, o posicionamento" dos designers do século XXI. Já "Softdesign/Harddesign", exposição cuja curadoria também é assinada por José Bártolo e que pretende estabelecer uma relação direta com a indústria, serão dispostas em espaços públicos das duas cidades, peças de mega dimensão industrial, "como a pá de uma hélice", que "embora não sendo imediatamente identificados como objetos de design, marcam a paisagem". No campo diametralmente oposto, também será feita uma seleção de objetos de micro e nano escala.

A concluir a tríade de exposições ligadas "ao aqui e agora", será apresentada pela dupla de curadores, Michel Charlot e Megan Dinius, "Portugal Hoje", uma exibição que liga design e indústria e que incidirá, fundamentalmente, sobre objetos do quotidiano.

Na segunda vertente, "Design and Democracy", que irá refletir sobre a dimensão política do design, "como forma de manifestação e reivindicação", a curadora Helena Sofia Silva apresenta a exposição "Que força é essa", que reúne um acervo de imagens sobre a construção da democracia no país. Há ainda a assinalar a exposição "Força da Forma", de Mário Moura; e as "Impossible Shops", de Andrew Howard, que, segundo José Bártolo, irá utilizar as montras de lojas em atividade ou devolutas para criar espaços de discussão (alguns deles serão mesmo na rua onde decorreu a conferência de imprensa, em Brito Capelo).

No terceiro núcleo, "Design Forum" enquadra-se uma conferência internacional comissariada por Ana Teixeira Pinto - "The Old Monsters of New Millennium"; um conjunto de debates e instalações "que pensam sobre a cultura digital do hoje e do amanhã; e ainda um workshop vocacional aberto a novos designers que, disse José Bártolo, "poderá ajudar a lançar as próximas bienais".

A primeira edição da Porto Design Biennale terá como país convidado a Itália e como comissária desta vertente Maria Milano. De acordo com o curador geral, porque "pareceu-nos o país mais pertinente a convidar num ano em que a discussão girará à volta das crises do novo milénio", como a crise dos migrantes ou a instabilidade política, assinalou. Será marcada por uma conferência/exposição "The New Frontiersof Italian Design" e por duas exposições: "The Italian Masters-Stories" e "Ricardo Dalisi - Art, Design and Social Commitment". 

Com curadoria de Francisco Providência, está desenhado um programa dedicado à aproximação ao meio académico, que se traduzirá num convite às 38 instituições de Ensino Superior, incluindo faculdades e politécnicos, que têm ensino de design, e um programa, o "Crossborder", para consolidação de uma rede de caráter internacional, para "consolidação de itinerâncias, parcerias e apoios, assegurado por Emanuel Barbosa.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, sublinhou que esta iniciativa torna-se possível porque há hoje outra visão na forma como municípios se têm sabido articular. "Não era assim no passado", notando que "politicamente, esta é a forma que as cidades estão a encontrar para terem uma nova vivência", uma espécie de "ligas das cidades", classificou.
E associou o evento à afirmação política: "falando de design, estaremos a falar das tensões do presente e do futuro".

Já a autarca de Matosinhos, Luísa Salgueiro, apontou como objetivo desta bienal "influenciar a região, o país e deixar uma marca internacional", e salientou que a estratégia bilateral com o Município está a dar frutos também noutras áreas, como a dança (Festival DDD - Dias da Dança) e o surf (Porto & Matosinhos Wave Series).

Além da sede hoje inaugurada na esad-idea (Rua Brito Capelo, 243 Matosinhos), a Porto Design Biennale inaugura também neste dia os seus dois espaços-loja, um localizado em Matosinhos, na Real Vinícola (Av. Menéres, 456), e outra no Porto, no Palacete Viscondes Balsemão (Praça de Carlos Alberto 71).

A abertura da loja no Porto será assinalada daqui a um par de horas, às 19 horas, aproveitando-se a ocasião para revelar o programa ao grande público. O evento contará com DJset.