Política

Porto celebra até 2020 o Constitucionalismo que há 200 anos transformou o país

  • Notícia

    Notícia

Há 200 anos, começava no Porto o caminho que levaria à Revolução Liberal de 1820 e ao Constitucionalismo português. Celebrar a História e o inconformismo que vai criando a mudança é o intuito da cidade, que até 2020 assinala este bicentenário com diversas iniciativas.

"Durante os próximos dois anos, iremos ter um conjunto de atividades que celebrarão essa relevantíssima transformação na sociedade portuguesa e teve uma grande influência também na Europa" - anunciou o presidente da autarquia, Rui Moreira, na abertura do colóquio "O Futuro da Representação Política - 200 Anos do Sinédrio", iniciativa promovida pela Assembleia da República com a Câmara do Porto, a decorrer hoje na Biblioteca Municipal Almeida Garrett.

Com a realização deste colóquio, as Comemorações Parlamentares do Bicentenário do Constitucionalismo Português chegaram ao Porto, "terra de tradições liberais, onde tudo começou", destacou por seu turno o presidente da Assembleia da República. Indo ao encontro do propósito do encontro, Ferro Rodrigues salientou que, 200 anos depois, há muito o que celebrar, mas há também "desafios internos" a que responder: por exemplo, "temos sinais de cansaço institucional que importa atacar".

Aliás, "se há lição que podemos retirar da História é que nunca devemos dar a democracia por adquirida. Temos de defendê-la e de aperfeiçoá-la" - considerou o presidente da AR. Observando a realidade global, Ferro Rodrigues lamentou "no mundo atual sinais preocupantes que não podem deixar de inquietar os verdadeiros democratas". Ante "os extremismos populistas" que "estão a atingir intenções de voto que já não víamos desde os anos 30 de má memória", frisou ser "tempo de a Europa se reinventar". Na Assembleia da República - assegurou Ferro Rodrigues - "estamos atentos aos sinais dos tempos e às novas exigências éticas e cidadãs".

Já Artur Santos Silva, antigo presidente das Comemorações do Centenário da República, realçou "o quanto é necessário dispormos de instituições democráticas mais fortes e mais adequadas ao nosso tempo". Importa, nesse sentido, "que se reforme com sucesso a organização e a administração do Estado, que só assim será nosso; que as leis sejam claras e mais bem preparadas; que os tribunais funcionem; que as entidades reguladoras sejam firmes e atuantes; que os partidos e o Parlamento assegurem a melhor representação e fiscalização política; finalmente, que o Governo consiga satisfazer melhor as aspirações da sociedade".

O que foi o Sinédrio

No dia 22 de janeiro de 1818, Manuel Fernandes Tomás, Ferreira Borges, Silva Carvalho e Ferreira Viana, com ligações à Maçonaria, constituíam na cidade do Porto o Sinédrio, uma associação secreta que tinha como grande objetivo instaurar o liberalismo em Portugal.

O Sinédrio interveio ativamente na organização da Revolução Liberal de 24 de Agosto de 1820, a qual levaria à implantação em Portugal de um regime constitucional e representativo, com a primeira Constituição portuguesa a surgir em 23 de Setembro de 1822.