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Petição mundial ultrapassa os 100 mil veículos sem emissões poluentes

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Miguel Nogueira

Foi atingida - e ultrapassada - a marca dos 100 mil veículos de mercadorias com emissões zero em termos de poluentes, uma das etapas reclamadas pela campanha internacional a que o Porto aderiu  "Call for Zero Emission Freight Vehicles".

A campanha foi lançada no âmbito da participação da cidade na TDA - Transport Decarbonisation Alliance (Aliança para a Descarbonização dos Transportes), a qual visa fazer face à escassa oferta no mercado de veículos "verdes" de transporte de mercadorias que cumpram os requisitos técnicos dos utilizadores finais e sejam comercializados a preços competitivos.

Tendo por objetivo reunir procura suficiente por este tipo de veículos sem emissões poluentes, de forma a incentivar os fabricantes à sua produção e acelerar a transição, o apelo juntou proprietários de frotas em todo o mundo (países, cidades, regiões, empresas): nas primeiras 10 semanas, 39 organizações assinaram o apelo à ação, representando uma exigência coletiva de 101.882 veículos de carga com emissão zero.

A exigência da TDA por veículos de carga com emissão zero está assim a acelerar a transformação mundial do setor de transportes rumo à meta de conseguir um sistema de mobilidade de emissões zero antes de 2050.

O transporte de mercadorias é responsável por mais de 40% das emissões de gases de efeito estufa do setor de transporte. À medida que a descarbonização do transporte se torna numa prioridade emergente, o setor de transporte de carga está a ficar para trás e há uma necessidade urgente de veículos de carga de emissão zero. São esses que têm o potencial de reduzir a pegada de carbono, especialmente em áreas urbanas.

No entanto, apesar de haver uma consciência crescente da situação, o problema "da galinha e do ovo" persiste: os fabricantes afirmam que estão dispostos a produzir camiões de emissão zero em larga escala, mas não há procura; os operadores logísticos dizem que estão interessados em adquirir veículos de carga de emissão zero, mas estes não são oferecidos a um preço viável.

Daí a iniciativa daquela aliança internacional de que o Porto faz parte, visando mostrar que há uma procura de veículos de carga que pode acelerar a descarbonização do transporte de mercadorias.

"A exigência de veículos de carga com emissões zero propõe-se tornar visível a procura global de camiões e carrinhas de carga limpa. À medida que países, cidades e empresas se unem e exigem o desenvolvimento de veículos de emissão zero que apoiem diferentes áreas de aplicação a um custo competitivo, esperamos acelerar a transição para o transporte de emissões zero em todo o mundo", afirma Sita Holtslag, presidente da Comunidade de Interesse Urbano de Transporte (Aliança de Descarbonização de Transporte).

As quatro dezenas de organizações que expressaram até agora o potencial de transição de mais de 100 mil veículos de carga, assinando uma petição nesse sentido, representam um vasto conjunto de proprietários de frotas e organizações de apoio. Entre os signatários que possuem frotas estão a Câmara Municipal do Porto, a Michelin, o Grupo Deutsche Post DHL, Alstom, Torrestir, Stedin, Voltia, Transportes de Braga, Agência de Sustentabilidade Energética, Planeta Verde, Ministério das Infraestruturas e Gestão de Água da Holanda, PostNL, BREYTNER Zero Emission Transport, Câmara Municipal de Lisboa e International Transport Transportrijf Tinie Manders BV.

Recorde-se que o Município do Porto foi pioneiro nesta área ao conduzir uma grande operação de renovação da sua frota, sendo hoje mais de 70% dos seus veículos elétricos ou híbridos plug-in. Este investimento traduz-se numa redução aproximada de cerca de 2,3 mil toneladas de CO2, em quatro anos.

A cidade subscreveu também recentemente o Pacto dos Autarcas, em Génova, selando o compromisso de que até 2030 reduzirá as emissões de carbono em pelo menos em 40%. O objetivo municipal é mesmo mais ambicioso e fixa-se nos 50%.