Cultura

Percurso pelo Porto dos Cafés recorda pensamento livre e revolucionário

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O programa municipal de Percursos Culturais leva-nos, nesta quarta-feira, ao Porto dos Cafés que serviram de palco a tertúlias e movimentações de forte cariz político ou cultural.

A partir das 14,30 horas, recupera-se a história de antigos e alguns até desaparecidos cafés como espaços públicos que serviram de ponto de encontro de livres pensadores - alguns dos quais serão também lembrados - e desempenharam um papel primordial na identidade revolucionária da cidade do Porto.

Sob orientação do técnico municipal Manuel Araújo, este percurso tem início na Rua de Santa Catarina, entre o emblemático e resistente Majestic e o desaparecido Palladium, que funcionou entre 1940 e 1974 no edifício do arquiteto Marques da Silva onde estão atualmente as lojas da FNAC e da C&A. Nas mesas deste último viam-se com frequência Adolfo Casais Monteiro, Jorge de Sena, José Régio, Júlio Resende ou Nadir Afonso.

Passa-se depois pela Praça da Batalha, onde o Café Águia D'Ouro (1839-1989), que ladeava o teatro com o mesmo nome, recebia amiúde Camilo Castelo Branco e Antero de Quental; ruma-se à Rua de Sá da Bandeira onde, a partir de 1903, se apregoava que "O melhor café é o d'A Brasileira". Artistas, escritores, jornalistas e políticos por lá passaram, incluindo Virgínia Moura e Carlos Cal Brandão a partir dos anos 40 do século passado. Entre 1990 e 2010, A Brasileira foi alvo de remodelações e adaptações, acabando por fechar até que mudou de proprietário e está atualmente em profundas obras de recuperação.

O Percurso Cultural de amanhã passará ainda pela Avenida dos Aliados (onde a memória do Imperial permanece sob a marca McDonald's, enquanto o Guarany se converteu à modernidade mantendo a tradição) e termina no Largo do Moinho de Vento, nas imediações do Café Progresso (aberto desde 1899) e do Luso Caffé. Aberto em 1935 com o nome Café Luso-Africano, passando posteriormente a Luso Café, este é mais um dos locais intimamente ligados à vida política e cultural do Porto: o Luso chegou a ser sede de campanha do General Humberto Delgado que, em maio de 1958, ali mesmo proferiu a celebrizada frase "O meu coração ficará no Porto!"; foi também a uma mesa do Luso que Mário Dorminsky, Beatriz Pacheco Pereira e António Reis fizeram nascer o Fantasporto, em 1980.

A participação neste Percurso Cultural tem um custo de 3 euros e o bilhete pode ser adquirido online.

Mais informações através do email percursos.culturais@cm-porto.pt ou do telefone 223 393 480.

Pode ainda conhecer melhor os objetivos do programa municipal aqui e descarregar o calendário do presente trimestre aqui.