Cultura

O elogio de J. S. Bach ao café e a missa polifónica de Machaut abrem In Spiritum

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A mini-ópera cómica "Cantata do Café", de J. S. Bach, e a "Missa de Notre-Dame", de Guillaume de Machaut abrem neste sábado o In Spiritum - Festival de Música do Porto, que se prolonga até à próxima quarta-feira em diversos locais emblemáticos da cidade. 

A primeira apresentação acontece pelas 17,30 horas no Café Astória do Hotel InterContinental (Palácio das Cardoso - Praça de Almeida Garrett) e é um elogio ao café/bebida encomendado a J. S. Bach pelo proprietário do Café Zimmerman, de Leipzig, em 1732. Com "Cantata do Café / Kaffeekantate, BWV 211", Bach compôs um apelo humorístico ao consumo e à aceitação social da bebida por parte da mulher. A peça foi (mais) um êxito de Bach e uma bofetada dupla numa sociedade conservadora: a mulher não devia beber café e também não devia cantar.

Nesta edição do In Spiritum, a cantata é da responsabilidade do Curso de Música Antiga da ESMAE, com direção cénica de Catarina Costa e Silva e direção musical de Pedro Sousa Silva.

Ainda no primeiro dia do festival, um ambiente mais solene toma conta da Casa do Infante, pelas 21,30 horas, quando o Grupo Vocal Olisipo interpreta a "Missa de Notre Dame" que o clérigo, poeta, diplomata e músico francês Machaut compôs para a catedral gótica de Notre-Dame de Reims. Trata-se de uma obra-prima da música sacra medieval que foi criada por volta de 1364, possivelmente a propósito da coroação do rei Charles V, e que se tornou emblemática também por ser a primeira missa completa que se conhece escrita por um mesmo autor.

De França para o Porto

No domingo, o In Spiritum avança no tempo até à viragem do século XIX para o século XX, mas retoma a música criada em frança pelo compositor e pianista Lucien Lambert.

Pelas 12 horas, no Conservatório de Música do Porto, o Quarteto de Cordas da ESMAE explora a temática com a tónica no celebrizado músico que, com raízes em Nova Orleães e tendo passado pelo Brasil, deu sequência ao sucesso da carreira em França com a vinda para Portugal, onde lecionou no Conservatório de Música do Porto, falecendo nesta cidade em 1945.

Neste concerto, a formação da ESMAE interpretará "Quarteto para cordas", do próprio Lambert, e duas outras obras fundamentais do repertório de música de câmara francesa dos finais do século XIX: "Meditação de Thaïs", de Jules Massenet, e "Quarteto para cordas", de Maurice Ravel.

Ainda no domingo, às 17,30 horas, é a vez dos Solistas da Orquestra Bomtempo darem vida à "Música de salão no Porto da Belle Époque", tendo sido escolhido um dos locais da cidade mais indicados: o Ateneu Comercial do Porto.

O In Spiritum - Festival de Música do Porto prossegue até quarta-feira e continuará a estabelecer a ligação entre os espaços históricos da cidade e a música.

Saiba mais pormenores sobre o festival AQUI.