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Novo reitor da Universidade do Porto elege a questão financeira como bandeira

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António Sousa Pereira tomou hoje posse como reitor da Universidade do Porto e assumiu desde logo que contrariar o "subfinanciamento crónico" será bandeira de mandato. E, ao que parece, tem todo o apoio de Miguel Cadilhe, presidente do Conselho de Curadores, e de Artur Santos Silva, presidente do Conselho Geral, que focaram os problemas financeiros nas respetivas intervenções.

"A permanente incerteza em relação ao financiamento mina quaisquer possibilidades de planear e executar estratégias de longo prazo", advertiu o novo reitor da U.Porto, citado pela Lusa, sublinhando que "a imprevisibilidade financeira torna-se particularmente constrangedora, e é até indecorosa, quando se trata de atribuir verbas para compensar a implementação de medidas decididas pelo próprio Governo".

O sucessor de Sebastião Feyo de Azevedo na liderança da Universidade explicou que as principais consequências da situação atual são a impossibilidade de a U.Porto "promover o rejuvenescimento do corpo docente, de criar emprego científico, de realizar investimentos fundamentais para as atividades académicas e de renovar equipamentos de estudo, investigação e inovação".

Além disso, ao subfinanciamento "acresce o não cumprimento dos pressupostos do regime fundamental, designadamente as contrapartidas financeiras para as universidades-fundação", apontou ainda António Sousa Pereira, considerando que "não é isso que se espera da relação de uma instituição com a tutela". Para o novo reitor, "o relacionamento com o Governo não pode estar inquinado pela desconfiança, nem deve assentar numa base de imprevisibilidade, nomeadamente ao nível financeiro".

A questão foi igualmente motivo para considerações por parte de Miguel Cadilhe e de Artur Santos Silva, que manifestaram o desejo de ver firmado novo contrato-programa com o Governo. Miguel Cadilhe, que elogiou o anterior reitor, lembrou que o contrato-programa assinado por Sebastião Feyo de Azevedo não foi cumprido devido à crise e à entrada da Troika em Portugal, considerando que é agora altura de rever o documento, terminado o período de austeridade.

"Ultrapassados os períodos mais difíceis de austeridade, que tanto atingiu a universidade portuguesa, é o tempo de ser assegurada à Universidade toda a sua autonomia, que é fundamental para o exercício do papel que ela tem na sociedade portuguesa e em qualquer sociedade", acrescentou por seu lado Artur Santos Silva.

António Sousa Pereira assumiu hoje as funções de 20.º reitor da U.Porto, para o mandato 2018-2022, sucedendo a Sebastião Feyo de Azevedo, que ocupava o cargo desde 2014.
Licenciado, mestre e doutor em Medicina pela Universidade do Porto, Sousa Pereira desenvolveu toda a sua carreira académica no ICBAS, onde atingiu a Agregação em Medicina no ano 2000, sendo eleito pela primeira vez como diretor daquela faculdade quatro anos depois.

O novo reitor da U.Porto, de 57 anos foi eleito para o cargo a 27 de abril último com 12 votos, enquanto Sebastião Feyo de Azevedo, que tentava um segundo mandato, recebeu 11 votos.
No programa de ação candidatado, Sousa Pereira indicava como eixos essenciais do seu programa de ação o reforço e renovação do corpo docente, a afirmação da universidade de investigação e a internacionalização como fator de sustentabilidade e promoção da instituição.