Sociedade

Novo Guia de Arquitetura apela à visita e à fruição do património da cidade

  • Notícia

    Notícia

A cidade do Porto foi esquadrinhada com olhos de arquiteto, organizada em 13 zonas e descrita com textos e fotos de mais de 200 obras emblemáticas, que estão agora sistematizadas sob a forma de livro já disponível ao público. 

Lançado ao início da noite de ontem no átrio dos Paços do Concelho, o "Guia de Arquitetura do Porto 1942-2017" tem formato A5 "para facilitar o transporte e o manuseamento por quem visita a cidade", apontou o arquiteto João Paulo Rapagão que, juntamente com o também arquiteto Michel Toussaint, assume a edição científica do trabalho.

O volume, publicado pela editora especializada em arquitetura A+A Books, contém uma série de construções conhecidas do público, mas também várias outras que só o olhar especialista ou avisado (por este guia, por exemplo) permite descortinar no emaranhado urbano e assinalar como merecendo particular atenção.

O Guia começa pela Casa Joaquim Malheiro Pereira (1942), riscada por Alfredo Viana de Lima que é considerado o primeiro arquiteto português a mostrar influência de Le Corbusier e, assim, a marcar o início do Movimento Moderno em Portugal. Segue depois por diversas habitações e equipamentos até aos dias de hoje, contemplando também as obras que assinalam grandes transformações da cidade nos últimos 75 anos, como a requalificação da Baixa no âmbito do Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura ou a implantação do Metro.

Hotel D. Henrique, Silo-Auto, Escola Secundária Soares dos Reis, reabilitação de uma ilha de Campanhã, sede portuense da União Elétrica Portuguesa, ponte de S. João, reabilitação do Palácio do Freixo, faculdades de Engenharia e Economia, Capela de São José e reabilitações do Rivoli e da Casa das Artes são algumas das obras presentes nesta compilação.

Indo também a paradigmas arquitetónicos dos concelhos vizinhos do Porto, inclusive a Casa da Arquitectura que o arquiteto Guilherme Machado Vaz desenhou na antiga Real Vinícola (Matosinhos), o guia faz ainda uma panorâmica algo detalhada de projetos em curso na cidade e que têm tudo para vir a estar ao nível dos anteriores.
São os casos do Programa de Qualificação Urbana da Circunvalação, o restauro do Mercado do Bolhão, a reabilitação do Antigo Matadouro, o Terminal Intermodal de Campanhã e os Percursos Pedonais Mecanizados (ligações Miragaia - Palácio de Cristal - Virtudes).

No conjunto, estão ali evidenciados os pormenores de um conjunto patrimonial que fez e faz o Porto desde há 75 anos, razão mais do que suficiente para a obra ter merecido o apoio da Câmara do Porto, da Fundação EDP, das Secção Regional do Norte e do Sul da Ordem dos Arquitectos e da Fundação Marques da Silva, e sido já considerada de manifesto interesse cultural pelo Ministério da Cultura.

"Importa visitar esta cidade" e o Guia tem por objetivo estimular essa visita, afirmou João Paulo Rapagão, agradecendo o envolvimento da Câmara do Porto na elaboração do volume, que foi iniciado com grande entusiasmo ainda pelo ex-vereador da Cultura Paulo Cunha e Silva, entretanto falecido. Também por isso, o vereador dos pelouros do Urbanismo, Espaço Público e Património, arquiteto Pedro Baganha, considerou "uma justa homenagem à arquitetura do Porto e à memória de Paulo Cunha e Silva" o lançamento deste livro.

O "Guia de Arquitetura do Porto 1942-2017" (pvp €29) apresenta textos introdutórios de zonas e explicativos das obras, seguindo um modelo melhorado do que tinha já sido experimentado com o "Guia de Arquitetura de Lisboa 1948-2013". Os dois constituem os primeiros volumes da coleção Cities editada pela A+A Books.