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Moreira atribui a Manoel de Oliveira o predicado que gosta de associar à cidade: "o seu carácter" (vídeo)

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Rui Moreira fez hoje a sua primeira declaração acerca da morte de Manoel de Oliveira, cineasta portuense que faleceu na cidade aos 106 anos de idade, deixando uma obra ímpar. Para o presidente da Câmara, Oliveira não foi um homem vulgar, atribuindo-lhe o predicado que mais gosta de associar à cidade: o carácter e recordando a recente homenagem que lhe foi prestada no Rivoli, a que se seguirá uma outra, em preparação.

Rui Moreira fez hoje a sua
primeira declaração acerca da morte de Manoel de Oliveira, cineasta portuense
que faleceu na cidade aos 106 anos de idade, deixando uma obra ímpar.


O presidente da Câmara do Porto anunciou
ter decretado hoje três dias de luto municipal, decisão que será posteriormente
ratificada pelo Executivo a que preside, sendo a primeira vez que o faz, desde
que tomou posse a 22 de outubro de 2013.


Para Rui Moreira, "esta é a forma
mais institucional de demonstrar o profundo pesar de uma cidade e de transmitir
ao mundo o sentimento de perda colectiva", lembrando que, "Manoel de Oliveira
não foi - não é - um homem vulgar. Nem na genialidade, nem na personalidade,
nem na longevidade, nem no predicado que mais gosto de associar à nossa cidade:
o carácter.".


"Só com um carácter invulgar é
possível olhar o mundo e, logo, olhar o Porto, com os olhos, as lentes e o
sentido crítico com que Manoel de Oliveira olhou a vida e tudo o que o rodeou -
rodeia. E só com uma enorme dose de coragem se enfrentam os desafios que enfrentou.
Quando decidiu ser cineasta, quando decidiu fazer cinema incómodo, quando
decidiu que a sua vida seria - inteira - um exemplo de trabalho e dedicação à
arte.", afirmou o presidente portuense.


Rui Moreira lembrou também que a
última homenagem pública, em vida, que lhe foi prestada aconteceu "nesta casa",
mais propriamente no Teatro Municipal Rivoli, onde assistiu, no dia do seu 106º
aniversário, à exibição do seu último filme, no âmbito do festival Porto POST
DOC, anunciando, de seguida, que a Câmara Municipal lhe prepara já uma nova
homenagem, que consiste na "exibição muitos dos seus filmes, em termos e data
que o pelouro da Cultura da Câmara Municipal do Porto oportunamente anunciará."


Contudo, o autarca independente,
advertiu: "Mas, tudo o que fizermos para homenagear os seus filmes, a sua genialidade
e, sobretudo, o seu exemplo de caráter portuense, será pouco, será curto,
quando comparado com a admirável obra que nos deixou - nos deixa.".


Por fim, Moreira congratulou-se
pelos três dias de luto nacional decretados pelo Governo e de dicou algumas
palavras à família e amigos de Manoel de Oliveira: "Sei que é fácil para muitos
dizerem hoje que Manoel de Oliveira nunca morre e que a sua vida se prolonga
pela sua obra. É fácil e é verdade. Mas penso, nesta hora, nos que com ele
conviviam. Para esses, a perda é hoje insuportável e presto-lhes, por isso, a
minha solidariedade.", disse, acrescentando que, "para uma cidade, perder uma
personalidade como a de Oliveira, perder a sua genialidade e caráter é hoje
motivo de luto. Mas perder um homem, um amigo, um familiar com a grandeza humana
de Oliveira é duplamente doloroso".

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