Cultura

«Indelével Intermitência»

  • Notícia

    Notícia

pintura.jpg
Depois de «Prenúncio» e «Subway Life», o projeto Locomotiva apresenta a sua terceira exposição nos renovados Armazéns da Estação. «Indelével Intermitência» reúne um conjunto de pinturas de Jorge Abade, que refletem sobre o tempo e a sua suspensão.
SINOPSE
No viver há tempos em suspenso (feitos de durações imobilizadas), tempos que não são parados ou congelados, que estão na permanente iminência de acontecer. Conferem perenidade à finitude das durações que os compõem, justamente no resgate dos próprios momentos banais em que se fundeiam. Não se consegue prescindir do banal, resta transcende-lo através dele próprio nas intermitências que o eternizam, mesmo quando é abominável. 
Uma pintura pode ser o lugar de encontro de todos os caminhos que convergem para uma intermitência que se perpetua, nessa medida é uma materialização de um tempo indelével que concentra tempos em suspenso. Pede também, a quem dela partilha, uma disposição para um tempo suspendido que lhe justifica finalmente a sua razão de ser. É um momento nos caminhos, mas é caminho em si, basta-se para toda uma inteira existência. 
O tempo de suspensão para se ver uma pintura, numa estação de caminhos de ferro, é anacrónico em relação aos tempos de suspensão banais nesse tipo de espaço: quer dos que esperam, como dos que apressadamente se deparam com as banais micro-suspensões que aí ocorrem constantemente. E estas pinturas, pela aproximação e intimidade que requerem, chamam a uma suspensão mais pungente - fazem um apelo a uma estreiteza íntima, interrompendo assim o normal caminhar e transbordo para outro caminho, numa gare; afirmam estaticamente a sua silenciosa e despretensiosa presença. É legitimamente esta a razão de ser para que se encontrem aqui este conjunto de pinturas.