Cultura

Fórum do Futuro abre reflexão sobre os efeitos mundiais da viagem de circum-navegação

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O Fórum do Futuro começa no próximo domingo, 3 de novembro, para

repensar ao longo de uma semana os múltiplos efeitos que a primeira viagem de circum-navegação teve mundialmente a nível histórico, político e cultural.

Travessias, reparações e compensações, racismo e a urgência de processos de descolonização são alguns dos temas que atravessam esta edição e servirão como base para várias das sessões do Fórum do Futuro, nomeadamente as de Chimamanda Ngozi Adichie, Danny Glover, Christina Sharpe, Arthur Jafa e Clémentine Deliss.

Na sessão de abertura, às 17 horas de domingo, Chimamanda Ngozi Adichie - considerada uma das mais conceituadas escritoras da atualidade - falará sobre a forma como o racismo ainda hoje opera a partir de um discurso linear e paternalista e a necessidade de criação de múltiplas narrativas. A sessão, intitulada "Crossings/Travessias", será moderada por Joana Gorjão Henriques, jornalista e autora de livros centrados em questões relacionadas com racismo e direitos humanos.

No dia 5, às 21 horas, o consagrado ator Danny Glover, conhecido de filmes como "A Cor Púrpura" ou "Arma Mortífera", apresentará a sessão "Escravatura, Justiça, Reparações: A História por Fechar", moderada por John Akomfrah, artista, escritor, realizador e um dos curadores do Fórum do Futuro. Atualmente embaixador da UNICEF, Danny Glover discursou recentemente no Congresso norte-americano sobre o "imperativo moral, democrático e económico'' de instituir compensações após séculos de escravatura e, no Porto, partilhará conhecimentos práticos sobre meios de promover a paz, a unidade e a democracia.

Já a escritora Christina Sharpe partirá do seu livro "In the Wake: On Blackness and Being" para apresentar a sessão de título homónimo, moderada pela socióloga Cristina Roldão, investigadora do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia. A conversa decorrerá à volta das representações artísticas, visuais e quotidianas do "ser negro" e do "clima" que persegue a vida negra contemporânea na diáspora, segundo Sharpe.

Arthur Jafa, premiado este ano com o Leão de Ouro para Melhor Artista na Bienal de Cinema de Veneza, estará em conversa com o diretor do Museu de Serralves, Philippe Vergne, na sessão "Poder, Beleza, Alienação", a 8 de novembro pelas 21 horas, em Serralves. Com uma obra que recorrentemente questiona de que forma podem os meios visuais transmitir fielmente "o poder, a beleza e a alienação" intrínsecos de certas formas de música negra norte-americana, Jafa falará sobre os seus processos criativos e de como a produção cultural negra ainda hoje parte de um lugar espiritual e emocional carregado de dor e ausência de meios. No dia seguinte, será exibido o seu filme "Dreams Are Colder Than Death", no Cinema Trindade.

No último dia do Fórum do Futuro, 9 de novembro, a curadora, editora e historiadora Clémentine Deliss apresentará as principais ideias para um modelo de instituição futura que questiona as ideologias dominantes de conservação, na sessão "Manifesto Pelo Direito de Acesso às Coleções Coloniais Sequestradas na Europa Ocidental". Com moderação da antropóloga e investigadora Nélia Dias e do diretor artístico do Museu da Cidade do Porto, Nuno Faria, Deliss falará sobre como a história dos museus está marcada pelo imperialismo europeu e sobre a necessidade de uma reinvenção do projeto museológico num sentido de reparação.

O Fórum do Futuro decorrerá entre o Rivoli, a Galeria Municipal, a Casa da Música, Serralves e o Cinema Trindade, sendo todas as sessões de entrada livre.

A programação completa pode ser consultada em www.forumofthefuture.com.