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Conselhos Municipais ao lado de Rui Moreira para cancelar festa de São João

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Miguel Nogueira

A Câmara do Porto, os agentes económicos da cidade e as forças de segurança desincentivam a população a festejar o São João nas ruas. Na reunião que ontem juntou o Conselho Municipal de Segurança e o Conselho Municipal de Economia, no Teatro Rivoli, acertaram algumas medidas para evitar grandes ajuntamentos na noite de 23 para 24 de junho. O habitual reforço de transportes públicos não será feito, bem pelo contrário, poderão até terminar o serviço mais cedo, os condicionamentos de trânsito em arruamentos da Baixa ficam sem efeito e os festejos coletivos são desaconselhados.

Depois do Município ter anunciado em abril, que não iria organizar este ano as festas de São João, abdicando do tradicional fogo de artifício, dos concertos na Avenida dos Aliados e de um vasto programa de animação satélite que habitualmente cobre toda a cidade, a proximidade da data requer atenção redobrada, numa altura em que pode haver uma certa ideia de relaxamento, induzida pelos excelentes resultados que o Porto e a Região têm apresentado desde o início do desconfinamento.
Hoje foi já batido o recorde de dias sem casos positivos no Porto desde março, já que pelo quinto consecutivo, a DGS não reporta nenhum novo doente.

Foi esta a ideia que Rui Moreira passou aos conselheiros da Segurança e Economia (Casa dos 24), que se reuniram na tarde desta terça-feira, no grande auditório Manoel de Oliveira, no Rivoli, naquela que foi a primeira vez que a sala de espetáculos da cidade reabriu portas (ao público e para espetáculos só o fará em setembro). A mensagem a passar é de que ainda não é tempo de celebrações em massa, e que apesar da Câmara e das forças de segurança não poderem agir diretamente impedindo a circulação de pessoas, há medidas adicionais que podem ser tomadas para mitigar grandes ajuntamentos na noite mais típica do ano.

"Não estando nós em estado de emergência, e esperemos não vir a estar no dia 23, perante isto não podemos, nem nós [Município] nem as forças de segurança, impedir que as pessoas circulem na cidade do Porto. Mas há algumas coisas mais que podemos fazer", afirmou o autarca.

Rui Moreira lançou as propostas e, do outro lado, obteve acordo unânime. Assim, na presença dos administradores da STCP e da Metro do Porto, ficou acertado que na noite de São João não haverá o habitual reforço da operação dos transportes públicos para a Baixa e Centro Histórico, os epicentros da festa.

Por outro lado, a Câmara não vai proceder aos habituais cortes de trânsito em artérias "que propiciem o ajuntamento dos foliões".

Em terceiro lugar, para que esta posição conjunta seja melhor percecionada junto da população, o Município vai apostar numa campanha de comunicação apelando a que os festejos do São João sejam este ano circunscritos ao menor aglomerado de pessoas possível, confiando nas atitudes e comportamentos individuais responsáveis. Neste âmbito, Rui Moreira pediu também a colaboração dos presidentes das Juntas de Freguesia da cidade, para que sensibilizem os seus fregueses, em especial as coletividades e associações dos seus territórios, nesse sentido.

CONSELHEIROS ELOGIAM CÂMARA DO PORTO

Numa sessão altamente participada, ouviram-se várias notas positivas à atuação do Município do Porto no combate à COVID-19. Desde a importância da adoção de medidas pioneiras, como o encerramento de equipamentos culturais, jardins e o envio da maior parte dos trabalhadores municipais para o teletrabalho, passando pelas iniciativas levadas a cabo durante o período mais crítico da pandemia, entre as quais a montagem do hospital de campanha, a criação do primeiro centro de rastreio móvel do país ou o primeiro programa de rastreio a todos os idosos institucionalizados em lares da cidade, até à forma como o desconfinamento está a ser encarado, com o regresso prudente das atividades económicas, acompanhado de um plano de resgaste do espaço público.

O presidente do Conselho Diretivo da ARS Norte, Carlos Nunes, assinalou que se o Porto e a Região Norte conseguiram achatar a curva, a partir do final de março, também o devem às medidas adotadas pelas "estruturas autárquicas, que foram incansáveis".

Nesta zona do país, o risco de transmissão (RT) "está abaixo de 1 desde o dia 12 de abril", o que significa que cada pessoa infetada transmite a doença a menos do que uma pessoa. No entanto, o responsável está preocupado com a possibilidade do recrudescimento da infeção e avisou que não se pode baixar a guarda, sob pena de vir uma segunda vaga.

Ontem, terça-feira, 10 dos 16 novos casos de coronavírus registados na Região foram importados de Lisboa, segundo os dados apurados pela ARS Norte (que divergem dos 19 novos casos divulgados pela DGS). "É preciso manter um elevado grau de vigilância", avisou o médico, que sublinhou a necessidade dos cidadãos evitarem aglomerados. Aliás, a escalada de novos casos na região de Lisboa e Vale do Tejo pode estar associada aos feriados do 25 de abril e do 1 de maio, considerou o presidente da ARS Norte.

Também o deputado municipal da CDU, Artur Ribeiro, concordou com as medidas propostas para as festas do S. João. Para o responsável político, a Câmara "andou bem e andou sempre à frente", assim como as forças de segurança, que tiveram um papel fundamental nas ações de sensibilização desencadeadas no período mais crítico, referiu.

Por seu turno, o administrador da SONAE, Luís Reis, sugeriu que a Câmara do Porto, da mesma forma que "esteve na linha da frente" no combate à disseminação do novo coronavírus, também deveria agora liderar "o combate a um segundo lockdown [confinamento]". Preveni-lo, desde já, é prevenir "um impacto dramático na economia", considera o também professor universitário.

Já o presidente da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, Nuno Ortigão, garantiu que vai desincentivar as coletividades da freguesia a reunirem-se na noite de São João.

Na sessão que ontem teve lugar no Teatro Rivoli marcaram presença vários agentes económicos da cidade, provenientes do setor da restauração, do comércio, das novas tecnologias, entre outras forças vivas da Região, como o Aeroporto do Porto. Também estiveram representadas as forças de segurança, nas pessoas do comandante da Polícia Municipal, António Leitão da Silva, e do segundo comandante da PSP Porto, Henrique Almeida, além das autoridades de saúde, com a participação de vários elementos da ARS Norte. O presidente da Assembleia Municipal do Porto, Miguel Pereira Leite, e a equipa de vereadores de Rui Moreira estiveram igualmente presentes.